São Paulo – “Estão chamando de dez em dez (pessoas) para interrogatório e depois vão liberar. Onde serão liberados, não se sabe”. Daywydy Firmino, 30 anos, descreve assim a rotina dos bolsonaristas detidos em atos golpistas de domingo (8/1) e que aguardavam seu destino na Academia da Polícia Federal de Brasília.
Preso por participação nos atos que depredaram as sedes dos Três Poderes, Daywydy consta, no portal da Transparência, como estagiário do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) desde julho de 2022. Ele atua na Superintendência de São Paulo, ganhando R$ 1.305,69 líquidos por mês.
Procurado, o órgão afirmou que Daywydy não faz parte do quadro do Dnit desde 31 de dezembro. No entanto, a situação dele continua ativa na consulta pública.
Mais um entre os quase 500 homens que estão no Centro de Detenção Provisória II da capital federal, Daywydy é ativo nas redes sociais. Sua conta no Instagram mostra vídeos e fotos dos ataques em Brasília e de acampamentos em frente ao quartel do Ibirapuera, em São Paulo.
Diversas vezes, ele exige que mais pessoas se engajem no movimento que busca deslegitimar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições.
“Patriota, venha defender o Brasil. Você foi convocado!”, escreveu em mais de uma ocasião, sendo a mais recente nesta segunda-feira (9/1), data da última postagem dele na rede. Na ocasião, ele já estava detido.
Pró-vacina e beneficiário do Bolsa Família
Natural de João Pessoa (PB), Daywydy vive em São Paulo desde 2016 e relata nas redes, além da aparição em quarteis, a sua rotina de exercícios físicos e alimentação saudável.
Ex-beneficiário do Bolsa Família, ele recebeu R$ 1.470,00 em parcelas de pouco mais de R$ 70 entre março de 2014 e setembro de 2015.
Apesar de integrar manifestações bolsonaristas, Daywydy já manifestou discordância com o ex-presidente, ainda que indiretamente. Em julho de 2021, ele publicou uma foto do comprovante de vacinação da Coronavac, contra a Covid-19, com a seguinte legenda: “A melhor vacina está disponível pra você, não escolha!”
Na ocasião, muitas pessoas se recusavam a tomar a vacina do Instituto Butantan em meio a batalha política entre Bolsonaro e João Doria, ex-governador de São Paulo.
Bolsonaro desacreditou mais uma vez a eficácia das vacinas contra a Covid e se manifestou publicamente dizendo que não se vacinaria. No entanto, impôs um sigilo de 100 anos sobre o seu cartão de vacinação.
Na postagem da vacinação, uma seguidora respondeu “viva a ciência”. Daywydy curtiu.
