Perfil fake, laranja e moquifo: como age quadrilha do golpe do amor

Polícia Civil identificou quadrilha especializada no golpe do amor na zona norte de SP; esquema envolve verdadeira organização criminosa

atualizado 27/03/2023 16:20

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Divulgação/Polícia Civil

São Paulo – A Polícia Civil descobriu a estratégia de ação de uma quadrilha especializada no golpe do amor, que age com cativeiros na zona norte da capital paulista. O bando atua na extorsão de usuários de aplicativos de relacionamento e conta com ao menos 20 “laranjas” e 15 integrantes fixos.

Os criminosos compõem uma estrutura organizada em núcleos financeiro, de abordagem e de enganação das vítimas. O esquema foi levantado após um empresário de 49 anos conseguir fugir pulando o muro de um cativeiro, na região do Morro Doce, na madrugada do último dia 4.

Ele acreditava ter marcado um encontro com uma mulher, por meio de um aplicativo de namoro.

Quando saiu de casa em Carapicuíba, na Grande São Paulo, avisou à irmã, com quem mora, que iria até a capital para conhecer a moça. Era por volta das 20h30. Depois disso, apontam registros policiais, sua parente não conseguiu mais manter contato com ele. Desconfiada, ela procurou a Polícia Civil de Cotia, na Grande São Paulo.

“Quando a moça estava nos relatando que o irmão tinha saído para um encontro, marcado por aplicativo, nos chegou a informação de que ele havia conseguido fugir do cativeiro. Ele pulou o muro e conseguiu pegar um táxi”, afirmou ao Metrópoles o delegado Adair Marques, responsável pelas investigações.

 

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Interior de cativeiro usado por quadrilha na zona norte paulistana

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Escada em terreno de difícil acessso levava até cativeiro usado por quadrilha

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Interior de cativeiro usado por quadrilha na zona norte paulistana

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Interior de cativeiro usado por quadrilha na zona norte paulistana

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Encapuzado

O empresário relatou que no momento em que chegou no endereço marcado para o encontro, no Jardim Rincão, também na zona norte, foi abordado por dois criminosos armados. Eles obrigaram a vítima a entrar no próprio carro, um Volkswagen T-Cross, e a encapuzaram.

Durante o caminho para o cativeiro, os bandidos pegaram o celular, cartões e obrigaram o homem a informar todas as suas senhas de acesso, incluindo a da conta de sua empresa.

Chegando ao cativeiro, ele conseguiu fugir e pedir ajuda.

A partir desse caso, o delegado Adair Marques levantou outros três anteriores, nos quais identificou similaridades na forma de agir e na região usadas pelos bandidos.

Perfis falsos

Durante as investigações a polícia identificou 11 integrantes da quadrilha. Segundo o levantamento da Seccional de Carapicuíba, um núcleo da organização criminosa era responsável em enganar as vítimas pela internet. Para isso, criava perfis falsos nos aplicativos de namoro e utilizava fotos da mesma pessoa, fakes, em uma conta no Instagram.

“Aparentemente, os criminosos usam imagens de mulheres de outros países. Depois de um tempo conversando com a vítima, no app de namoro, passavam o endereço do perfil do Instagram para dar credibilidade. Depois de um tempo se relacionando nessa rede social, compartilhavam contato de WhatsApp, pelo qual combinavam os encontros e concretizavam os roubos com restrição de liberdade e extorsões”, explicou o delegado.

As abordagens ocorriam quando as vítimas iam para endereços indicados na zona norte paulistana.

A polícia ainda constatou que para dar maior veracidade aos perfis fakes eram feitos stories, como um compartilhado no Dia das Mulheres (veja abaixo).

Criminosos faziam stories para dar credibilidade a perfis falsos, usados para enganar vítimas

Moquifos

As vítimas eram levadas para um cativeiro, no qual outro núcleo responsável por manter a pessoa em cárcere aguardava. Os locais usados pelos criminosos são de difícil acesso, sujos e desorganizados, verdadeiros moquifos.

Enquanto os sequestrados eram mantidos nesses lugares, seus cartões e celulares eram levados para o núcleo financeiro do bando, em outro endereço.

A Polícia Civil levantou que a chefia criminosa das finanças usa máquinas de crédito e débito, registradas em nome de laranjas. Assim que as contas das vítimas são zeradas, os comparsas encaminham comprovantes dos depósitos em um grupo de WhatsApp, em uma espécie de auditoria da extorsão.

“Depois disso, os valores são depositados nas contas dos ‘ponteiros’, que aguardam começar o horário comercial para ir em caixas eletrônicos sacar o dinheiro e levá-lo para a chefia do núcleo financeiro. Com o dinheiro vivo em mãos, cada criminoso recebe a sua parte”, disse o delegado Adair Marques.

Um vídeo mostra um criminoso ostentando maços de dinheiro no painel de um carro, após um sequestro (veja abaixo).

Cada laranja, acrescentou o policial, recebe entre 10% e 20% dos valores extorquidos. A quadrilha fatura pelo menos R$ 100 mil por crime, de acordo com a polícia, contando com os veículos das vítimas, que também sempre são roubados.

Prisões

Com a identificação de parte da quadrilha, a polícia solicitou 11 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), que os expediu nessa quinta-feira (23/3).

Foram presos quatro criminosos na zona norte paulistana e dois em Guarulhos, na Grande São Paulo. A polícia ainda procura por outros três homens e duas mulheres, agora foragidos da Justiça. A ação foi realizada por 70 policiais civis, em 35 viaturas.

Essa quadrilha, ainda de acordo com as investigações, troca informações com outros grupos especializados em sequestrar usuários de aplicativo de namoro.

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