PF suspeita que PM paulista usou “programa espião” de forma ilegal

PM de São Paulo comprou programa espião, capaz de monitorar celulares, neste ano, já na gestão Tarcísio de Freitas

atualizado 23/10/2023 16:37

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Hacker ataque - Ataques na internet, hackers, rede de sistemas, violações de dados sigilosos, documentos expostos, ciberataque5 Hugo Barreto/Metrópoles

São Paulo – A Polícia Federal (PF) investiga se a Polícia Militar (PM) de São Paulo também usou de forma ilegal o sistema espião capaz de monitorar celulares, segundo o portal G1.

O Metrópoles mostrou no sábado (21/10) que as polícias paulistas pagaram R$ 14,9 milhões à empresa israelense Cognyte para usar o sistema que permite monitorar os passos de até 10 mil celulares a cada 12 meses. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou que a tecnologia está ativa, mas negou irregularidades.

A Polícia Civil usa o sistema espião desde 2021, quando o governador de São Paulo era João Doria (PSDB). Já a Polícia Militar realizou a compra do programa israelense neste ano, já na gestão Tarcísio.

A tecnologia que monitora celulares foi o pivô da Operação Última Milha, deflagrada pela PF na sexta-feira (20/10). Segundo a investigação, servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usaram o software para espionar políticos, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Monitoramento na polícia

Em São Paulo, as compras do sistema espião da Cognyte, chamados de FirtsMile ou GI-2S, foram feitas sem licitação. Para monitorar celulares, policiais precisam ter autorização da Justiça.

No despacho publicado pela PM em março no Diário Oficial, o objeto da contratação foi descrito como “aquisição de Sistema de Radiofrequência Portátil à Polícia Militar”. Não houve licitação para avaliar a melhor proposta porque o sistema de monitoramento contratado é exclusivo da empresa israelense.

Já a nota de empenho disponível no site da Secretaria da Fazenda paulista mostra que o contrato da PM com a Cognyte é referente à “ferramenta GI-2S” – o aparelho de monitoramento. O pagamento de R$ 8,98 milhões foi realizado em julho.

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A Polícia Federal deflagrou a Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de celulares sem autorização da Justiça por servidores da Abin

Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto
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Apreensão de US$ 171.800,00 em espécie na residência de um dos alvos de busca e apreensão e afastamento da função pública, em Brasília/DF

PF/Divulgação
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Policiais cumprem dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal

Hugo Barreto/Metrópoles@hugobarretophoto
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De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira

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A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos

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Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

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Entre os alvos que teriam sido monitorados, estão jornalistas, políticos e adversários da gestão de Jair Bolsonaro (PL)

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Viatura chega à sede da Polícia Federal durante a operação Última Milha. Deflagrada na manhã desta sexta-feira, a operação investiga o monitoramento ilegal de celulares pela Agência Brasileira de Inteligência(Abin)

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Helicóptero pousa na sede da PF

Breno Esaki/Metrópoles
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Rodrigo Colli, profissional da área de Contrainteligência Cibernética da Abin que foi preso

Reprodução

Na Polícia Civil, o uso do software espião é anterior. Em novembro de 2021, a corporação publicou no Diário Oficial do estado despacho para dispensar a licitação e adquirir o GI-2S e o FirstMile.

A publicação descreve as tecnologias como “equipamento contendo sistema portátil de identificação, rastreamento e localização de dispositivos móveis celulares em campo”. Por esse contrato, a Cognyte recebeu R$ 5,94 milhões do governo paulista, pagos em fevereiro de 2022.

O despacho também afirma que a tecnologia israelense deveria ser usada pela Divisão Antissequestro (DAS), vinculada ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), órgão responsável por prender quadrilhas de sequestradores e resgatar vítimas em São Paulo.

Operação Última Milha

A Operação Última Milha, da PF, cumpriu na última sexta-feira (20/10) dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, autorizados pelo STF, nos estados de São Paulo, do Paraná, de Goiás e de Santa Catarina, onde fica a sede da Cognyte no Brasil, além do Distrito Federal.

Foram presos na ação policial Rodrigo Colli, profissional da área de Contrainteligência Cibernética da Abin, e o oficial de Inteligência Eduardo Arthur Izycki.

Segundo a investigação, o sistema de espionagem com geolocalização de celulares da agência foi usado para monitorar 2,2 mil jornalistas, advogados, políticos, alguns ministros do STF e pessoas consideradas adversárias pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para monitorar os celulares, basta que o agente digite o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma apenas que o sistema citado pela reportagem é utilizado pelas forças de segurança do Estado em operações de combate ao crime organizado, sequestros e demais ações em proteção da sociedade.

De acordo com a pasta, não há qualquer irregularidade no uso do software, que foi adquirido de acordo com a Lei nº 8.666/93, sendo o contrato regulamentado pela Lei nº 12.850 de combate às organizações criminosas.

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