Périplo de 32h: a cronologia do caso do jovem obeso morto em hospital

Vitor de Oliveira deu entrada no 1º hospital na manhã de quarta (4/1) e morreu no dia seguinte à tarde, após não conseguir vaga em 6 unidade

atualizado 11/01/2023 18:15

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Jovem obeso morre enquanto aguardava maca em hospital Reprodução/Redes Sociais

São Paulo – O jovem obeso que morreu na última quinta-feira (4/1) por falta de atendimento na zona norte de São Paulo viveu um verdadeiro périplo até chegar ao Hospital Geral Estadual de Taipas, onde foi constatado o óbito.

De acordo com o coordenador de hospitais do governo do estado, Carlos Alberto de Castro Soares, Vitor Augusto Marcos de Oliveira, de 25 anos, teve o atendimento negado em seis hospitais, por meio do sistema de regulação do município, por falta de vagas para pacientes com a complexidade do seu quadro.

Vitor era obeso e pesava mais de 200 kg, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Ele morreu após sofrer paradas cardiorrespiratórias, de acordo com a pasta.

Veja a cronologia dos fatos que levaram à morte de Vitor:

Às 8h55 da última quarta-feira (4/1), Vitor deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Perus, da prefeitura. Ele foi levado pela mãe, Andreia Marcos da Silva. Na UPA, foi verificado que o paciente sofria de insuficiência respiratória.

Nesta unidade, ele foi submetido a intervenções medicamentosas. De acordo com o coordenador, as equipes também tentaram um procedimento de intubação, sem sucesso. Foi realizado então um procedimento de traquesotomia, para que pudesse respirar de forma mais adequada.

Às 16h20, o paciente foi inserido no sistema de regulação da prefeitura para localizar uma unidade de referência na região que pudesse recebê-lo. O hospital de referência mais próximo era o Hospital Geral de Taipas.

A unidade, no entanto, negou a vaga alegando superlotação. De acordo com Soares, o hospital tem capacidade de atender 22 pacientes com este tipo de complexidade e, naquele momento, contava com quase 48 pessoas.

A secretaria nega que não havia macas no hospital. A pasta afirma que, por conta da lotação, não dispunha de respiradores e bicos de oxigênio para receber o paciente.

Diante da negativa, o sistema de regulação seguiu tentanto localizar alguma vaga. Ao todo, seis unidades foram consultadas: além do Taipas, foram acionadas as unidades do Mandaqui e Vila Nova Cachoeirinha – que são estaduais – e os hospitais Pirituba, São Luiz Gonzaga e Brasilândia – municipais.

Os pedidos seguiram até a manhã do dia seguinte, quinta-feira (5/1).

“Era um paciente grave. Então ele tem que chegar em uma unidade com todo o suporte para ser recebido”, afirmou o coordenador de hospitais.

Por volta das 10h de quinta-feira, o Hospital Vila Nova Cachoeirinha informou que haveria uma vaga para o paciente. Com isso, Vitor foi levado de ambulância da UPA Perus até o hospital de referência. Chegando lá, no entanto, as equipes informaram que não conseguiriam atendê-lo, diante da complexidade do paciente.

A sindicância aberta pela Secretaria da Saúde apura o motivo da médica responsável pela regulação do hospital ter informado que havia vaga, uma vez que a unidade não dispunha dos equipamentos necessários disponíveis, especialmente para a realziação de tomografia em pacientes acima de 180 kg. A pasta nega que o paciente não foi atendido por ausência de macas para obesos.

Após cerca de 2h30 de espera, por volta das 12h30 da quinta-feira, Vitor foi dispensado do hospital Vila Nova Cachoeirinha e retornou à UPA Perus.

De acordo com a secretaira, ao chegar na UPA, o médico de plantão mandou que ele fosse encaminhado imediatamente ao Hospital Geral de Taipas, diante da gravidade do quadro. Ele chegou na unidade por volta das 15h.

Por conta da dificuldade em remover o paciente da ambulância, as equipes tiveram de solicitar auxílio do Corpo de Bombeiros. Os agentes chegaram no local por volta das 15h30. Foram necessárias dez pessoas para retirar Vitor da ambulância, coloca-lo no carro-maca e leva-lo para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Ele deu entrada na UTI, no quinto andar do prédio, às 16h10. Um aparelho de eletrocardiograma foi ligado no paciente. Trinta minutos depois, às 16h40, o médico de plantão constatou o óbito, após uma tentativa frustrada de ressuscitação cardiorrespiratória.

A sindicância da Secretaria de Saúde está ouvindo funcionários dos hospitais para apurar as responsabilidades do caso. A médica citada, do Vila Nova Cachoeirinha, também será interregada.

Além disso, o Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para investigar o caso.

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