“Paguei para ser estuprada”, afirma vítima de médico foragido em SP

Enfermeira de 47 anos foi estuprada após cirurgia de hemorroida feita pelo proctologista Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos

atualizado 29/10/2023 15:57

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Em foto colorida homem branco e olhos azuis e cabelos ruivos olha para câmera; várias mulheres afirmam terem sido estupradas por ele - Metrópoles Reprodução

São Paulo – Uma enfermeira de 47 anos não mediu esforços para que o médico proctologista Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos, fosse investigado, denunciado e tivesse a prisão decretada por estupro cometido após uma cirurgia de hemorroida.

A mulher foi estuprada pelo cirurgião em 26 de agosto de 2021, em uma clínica na zona leste da capital paulista. Além dela, ao menos outras quatro vítimas, até o momento, formalizaram denúncias de abuso contra Berchielli.

“Imagina você pagar para ser abusada sexualmente. Paguei para ser estuprada. Minha vida inteira mudou, espero que a justiça seja feita e ele seja preso”, afirmou a vítima ao Metrópoles.

Até a publicação desta reportagem, o médico seguia foragido. O registro profissional dele continuava ativo no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Em imagem colorida dados de médicos no Cremesp - Metrópoles
Registro profissional de médico suspeito de estupro segue ativo no Cremesp

O abuso

A enfermeira relatou ao Metrópoles que foi estuprada pelo cirurgião logo depois de ser submetida a uma cirurgia de hemorroida, em agosto do ano retrasado.

“Eu estava ainda grogue, por causa da anestesia. Mas lembro, em flashs, dele me colocando de bruços na maca e minha cabeça batendo na parede. Vomitei. Depois de um tempo, vi que ele limpava o pênis em uma pia ao lado da maca.”

Antes do abuso, o médico teria dado mais medicação à vítima. A enfermeira acrescentou que, por causa do excesso de remédios, “apagou” quando chegou em casa, uma sexta-feira, acordando somente no domingo.

“Quando acordei senti uma dor terrível na região do ânus. Ele me abusou no local onde havia feito a cirurgia. Fui em seguida na delegacia, para registrar um boletim de ocorrência.”

Por ainda trajar a mesma roupa com a qual saiu da clínica de Berchielli, a indumentária foi apreendida por policiais da 5º Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Tatuapé, e enviada para perícia.

“Chacota” da polícia

A vítima afirmou que, na 5ª DDM, foram apreendidos o vestido, a blusa e a calcinha que usou no dia do estupro. Todos os itens foram colocados dentro de sacos plásticos.

Tempos depois, foram divulgados os resultados, negativos, somente do laudo referente ao vestido. “A minha calcinha simplesmente havia sumido, fui na delegacia e cadê ela?”

O desaparecimento da peça íntima foi questionado pela enfermeira da delegacia da mulher, onde ela afirma ter ido pelo menos 30 vezes.

“Cheguei lá e fui humilhada, nessa delegacia a parede não vai até o teto, aí uma escrivã falava pra outra, ‘você está com a sua calcinha?, porque eu estou com a minha, parece que alguém perdeu a calcinha da moça’. Eles tinham perdido a prova principal do crime, com o sêmen do médico”, afirmou a vítima.

Quando a enfermeira notificou o Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre o caso, tanto a calcinha como o laudo surgiram — isso ocorreu cerca de um ano e meio depois da queixa. A perícia constatou a presença de sêmen na peça íntima.

Berchielli foi denunciado pelo promotor de Justiça Daniel Magalhães Albuquerque Silva, em 9 de agosto. O pedido foi referendado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo não se posicionou sobre a suposta conduta dos policiais da 5ªDDM, assim como não forneceu atualizações das investigações sobre o médico. O espaço segue aberto.

Defesa e Cremesp

O advogado Daniel Leon Bialski afirma, em nota enviada ao Metrópoles, refutar e negar as acusações feitas contra o médico.

O defensor disse ainda ter firme convicção de que a inocência do cirurgião “será comprovada durante o processo”.

“Declaramos, ainda, que sua atuação sempre se pautou pela ética e respeito a seus pacientes, sendo reconhecido pela reputação ilibada conquistada ao longo dos mais de 40 anos de carreira, na qual atendeu e realizou procedimentos em milhares de pacientes, sem qualquer intercorrência ou acusação semelhante”, disse.

Bialski teve um pedido de habeas corpus negado pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 6 de setembro.

O Cremesp afirmou investigar o cirurgião, “sob sigilo determinado por lei”.

“O Conselho esclarece, ainda, que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o mandado de prisão”, afirma o órgão.

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