De ouro a carros de luxo: quem são os alvos das multas do Coaf

Italiano denunciado por venda de ouro ilegal extraído de terra indígena e revendedoras de carros de luxo lideram punições do Coaf

atualizado 27/12/2023 12:17

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T-CAR É FAMOSA POR VENDER CARRÕES A JOGADORES DE FUTEBOL E FOI MULTADA - METRÓPOLES Reprodução

São Paulo — Um empresário italiano suspeito de vender 1,5 tonelada de ouro extraído ilegalmente de terras indígenas e vendedores de carros de luxo que chegam a custar R$ 2,2 milhões lideram a lista dos agentes multados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em 2023 por não alertar o órgão federal sobre transações suspeitas de lavagem de dinheiro.

Como mostrou o Metrópoles nesta quarta-feira (27/12), o Coaf aplicou R$ 33,5 milhões em multas a empresas e seus donos que teriam a obrigação de monitorar e alertar o órgão sobre indícios de crimes de seus clientes, mas não o fizeram. Por lei, agentes do mercado financeiro, cartórios e empresas do mercado de luxo, como joalherias e concessionária de veículos, devem fazer esses alertas ao Coaf. Caso escondam essas operações, são julgados e punidos pelo órgão.

A maior punição do ano foi aplicada ao empresário italiano Giacomo Dogi e à empresa CHM do Brasil. No ano passado, eles foram alvos da Operação Céu Dourado, da Polícia Federal (PF) em Goiás, por suposta venda de 1,5 tonelada de ouro extraído ilegalmente de terras indígenas, como no Pará. Segundo os investigadores, a quantidade equivale a R$ 449 milhões em valor de mercado na Itália.

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Comark, em São Paulo, foi multada por omitir operações suspeitas
T-Car, em São Paulo, é famosa por vender carros a jogadores de futebol
Sede do Coaf, em Brasília
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Ouro apreendido na Operação Céu Dourado, que mirou empresário italiano

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Comark, em São Paulo, foi multada por omitir operações suspeitas

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T-Car, em São Paulo, é famosa por vender carros a jogadores de futebol

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Sede do Coaf, em Brasília

Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles

O esquema criminoso, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi desmantelado com a prisão de dois funcionários de uma das empresas envolvidas, em 2019, flagrados no aeroporto de Goiânia com mais de 110 quilos de ouro e notas fiscais falsas escondidos embaixo dos bancos do avião.

De acordo com a denúncia, o metal era adquirido de garimpeiros ilegais no sul do Pará e no norte do Mato Grosso, inclusive em terras indígenas. As empresas dos italianos compravam o ouro e exportavam para a Itália como se fosse lícito.

O Coaf multou Dogi em R$ 10 milhões de reais e a empresa em R$ 20 milhões. O empresário também foi inabilitado, por cinco anos, de dirigir empresas listadas no mercado financeiro. O órgão identificou uma conduta reiterada de esconder transações que apresentavam “sérios indícios de lavagem de dinheiro”. A CHM era usada, segundo o MPF, para receptar o ouro ilegal e enviá-lo à Europa.

Revendedoras de carros de luxos

A maior parte das multas de 2023 foi aplicada a revendedoras de veículos de luxo. Uma delas é a T-Car Comércio de Veículos, do empresário Tiago Borrego Fernandes, conhecido por vender carrões a jogadores de futebol, MCs e músicos sertanejos. A T-Car fica no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, e anuncia Porsches, Jaguares, Mercedez, BMWs, que chegam a custar R$ 2,2 milhões.

Em uma entrevista ao jornal Diário do Grande ABC, Fernandes contou que a Land Rover Evoque é a favorita dos atletas. Ele disse que vendeu carros a apresentadores e outras celebridades. Disse também que começou lavando chão e foi office boy e que melhorou de vida quando virou vendedor de carros.

A empresa foi multada em R$ 454 mil e Fernandes foi penalizado em R$ 76 mil. Entre os motivos da multa, estão a não comunicação de R$ 540 mil em operações suspeitas. As penas mais duras também foram devido à ausência de registros sobre transações dos clientes.

Outra pena mais dura foi aplicada à Comark, revendedora de carros de luxo, e ao seu dono, Arnaldo Diniz, um dos integrantes da família fundadora do Grupo Pão de Açúcar. Seu filho chegou a pilotar na categoria de Mercedez na escuderia da família. Eles têm revendedoras da marca no Itaim e nos Jardins, bairros nobres da zona oeste paulistana. Entre os carrões anunciados, há veículos avaliados em R$ 1 milhão.

O Metrópoles entrou em contato com a Comark, a T-Car e com a defesa de Giacomo Dogi, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

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