São Paulo – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), quer aumentar em 40% os gastos com subsídios aos ônibus da cidade no ano que vem, quando tentará a reeleição, segundo valores apresentados na proposta de Lei Orçamentária enviada por sua gestão à Câmara Municipal no fim de semana. A proposta sobe, de R$ 3,7 bilhões para R$ 5,1 bilhões, o valor dos repasses da prefeitura para as empresas de ônibus.
Dessa forma, Nunes tenta reservar recursos suficientes para não aumentar, em ano eleitoral, o valor da tarifa — congelada há três anos em R$ 4,40. O mercado financeiro prevê que a inflação neste ano ficará em 4,86%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.
O congelamento da passagem é uma alternativa à proposta que o prefeito tentou viabilizar, ao longo do ano, de propor tarifa zero aos ônibus paulistanos.
Nunes esbarrou nos altos custos calculados pela São Paulo Transportes (SPTrans) para o projeto, que teria gasto anual estimado em cerca de R$ 10 bilhões e dependeria de fontes de financiamento adicionais, como repasses extras do governo federal e até da iniciativa privada.
Até 31 de agosto (dado mais recente), a Prefeitura já acrescentou mais R$ 300 milhões aos recursos reservados para subsídios, fazendo o valor total chegar a R$ 4 bilhões, de acordo com balanço da Secretaria Municipal da Fazenda.
Queda de passageiros
O prefeito justifica a proposta de congelamento com o argumento de que é preciso trazer mais pessoas para o transporte público, a fim de reduzir os congestionamentos e a emissão de gases do efeito estufa. Desde a pandemia de Covid-19, a partir de 2020, o total de passageiros na frota de ônibus da cidade caiu de 9 milhões para 7 milhões por dia, segundo a Prefeitura.
Nunes, porém, ainda não pode dar como certo o plano de congelar a tarifa. Para isso, ainda é necessário um acordo que não foi fechado com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu aliado, que determina o valor da tarifa das linhas públicas e privatizadas da rede de transportes sobre trilhos.
A integração tarifária ocorre porque todos os sistemas usam o bilhete único. Tarcísio, porém, precisa lidar com uma grave crise financeira do Metrô, que acumula prejuízo de R$ 3,6 bilhões, também por causa da queda de passageiros observada a partir da pandemia.