São Paulo — A Câmara Municipal da capital pretende votar, nesta quarta-feira (22/11), projeto de lei de autoria do prefeito Ricardo Nunes (MDB) que altera a Operação Delegada, o chamado bico oficial da Polícia Militar (PM), para permitir a inclusão de bombeiros no programa. O objetivo é usar os homens da corporação nos horários de folga para auxiliar no serviço de poda de árvores da Prefeitura.
O texto, que está em discussão desde o começo do semestre, originalmente havia sido proposto para aumentar o salário e as áreas de autuação dos policiais militares que trabalham no bico oficial.
Na Câmara, o projeto já havia sido alterado para aumentar os valores pagos aos guardas-civis metropolitanos (GCMs) que participam do projeto.
Agora, nesta terça (21/11), o presidente da Câmara, Milton Leite (União), anunciou nova alteração, para a inclusão de militares do Corpo de Bombeiros.
“Neste momento em que caem árvores sobre casas, condomínios, residências, carros, que eles [bombeiros] tenham a estrutura mínima e recebam pela Operação Delegada, uma remuneração para complementar esse serviço com qualidade”, disse Leite.
A Operação Delegada é um programa em que o policial trabalha em seu dia de folga em patrulhamentos especiais, como em ruas de comércio de grande movimento, por exemplo.
Como a jornada do policial, em regra, prevê 12 horas de trabalho e 36 de descanso, os PMs poderiam se apresentar no dia de descanso para esse patrulhamento específico.
Ao Metrópoles o líder do governo na Câmara, Fabio Riva (PSDB), destacou que o texto do projeto apenas inclui os bombeiros na Operação Delegada.
“(O texto) não atribui a função. Então, vai poder usar (os bombeiros) em várias frentes, e até nessa questão eventual da poda de árvores”, afirmou. Um decreto, que será editado posteriormente pelo prefeito, irá detalhar as atividades.
A poda de árvores passou a ser um tema da agenda do prefeito desde o apagão na região metropolitana, no começo do mês. Depois de uma tempestade com ventos acima de 100 km/h, mais de 2 mil árvores caíram na cidade, danificando parte da rede elétrica e deixando 1,4 milhão de imóveis sem energia na capital — em alguns deles por até cinco dias.
O diagnóstico de especialistas é que eventos climáticos extremos vão se tornar cada vez mais frequentes, por causa do aquecimento global, e a Prefeitura vem mantendo embates com a Enel, distribuidora de energia da cidade, acerca de responsabilidades sobre a poda de árvores.