São Paulo – Após criar uma campanha de doação de órgãos em suas redes sociais, a menina Lavínia Machado Cruvinel Lacerda, de 10 anos, passou por uma cirurgia de transplante de coração nessa terça-feira (30/5) em São Paulo. Como vinha fazendo nos últimos meses, Lavínia compartilhou o momento com seus seguidores.
A mãe da garota, a dentista Michele Cristina Machado Cruvinel Lacerda, recebeu uma ligação da equipe médica do hospital por volta das 20h da segunda-feira (29/5).
“Nos informaram que havia um provável doador, mas isso acontecia constantemente e não nutrimos nenhuma expectativa. No outro dia [terça-feira, 30], nos confirmaram e ela precisou correr para fazer exames e certificar a compatibilidade com o coração doado, foi tudo em cima da hora”, relatou Michele à reportagem, na manhã desta quarta-feira (31/5).
Lavínia conseguiu um doador compatível 17 dias após a história dela ser mostrada pelo Metrópoles.
A identidade da família que autorizou a doação do órgão à criança foi mantida em sigilo, inclusive para a própria Lavínia e seus parentes. “Somos gratos a todas as famílias doadoras. Como não sabemos quem doou, agradecemos de forma geral”, acrescentou Michele.
A cirurgia foi realizada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Lavínia deu entrada em novembro de 2022. Ela teve alta em 23 de dezembro do mesmo ano e retornou à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em março deste ano.
A menina permanecerá internada e em observação pelos próximos 15 dias, período em que serão feitos exames para constatar a compatibilidade do coração doado com o organismo dela. As checagens serão feitas o resto da vida dela, periodicamente
Agora, Lavínia vai finalmente sentir frio e agasalhar-se, já que a doença dela a impedia até de vestir roupas de inverno, um dos sonhos que ela irá realizar. “Já estamos também pesquisando academias de natação, porque a Lavínia quer começar a nadar assim que estiver em condições”, compartilhou a mãe.
Campanha continua
A campanha para a conscientização sobre a doação de órgãos irá continuar nas redes sociais, garantiu Michele. A família quer que mais pessoas na fila de espera por um órgão possam ter a oportunidade de Lavínia. “Ficamos sabendo que uma criança de 4 anos, que também esperava por um coração, infelizmente morreu ontem [terça-feira], esperando o órgão”, lamentou Michele.
Lavínia foi diagnosticada com cardiomiopatia hipertrófica quando tinha apenas seis meses de vida. Aos 3 anos, a doença começou a interferir no dia a dia da criança. Nessa época, Lavínia teve seu primeiro desmaio, provocado por uma disritmia, e precisou colocar um marcapasso.
No ano passado, a família da menina, que é de Medeiros (MG), mudou-se para Belo Horizonte, onde ela passou a ter acesso a uma estrutura mais adequada para atendê-la.
A cardiomiopatia hipertrófica é uma doença rara, que provoca o crescimento em excesso do coração. Portadores da doença precisam fazer acompanhamento médico periódico e controlar os sintomas com remédios. Nos casos mais graves, só o transplante cardíaco resolve. Foi o caso de Lavínia.
Em novembro do ano passado, com o agravamento da doença, a menina se mudou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde entrou na fila do transplante.
Otimista, ela acabou se tornando uma “influencer da doação de órgãos”, depois que passou a compartilhar sua rotina hospitalar nas redes e a falar sobre a importância do gesto. O número de seguidores, que era de 36 mil no início de maio, é de 53,3 mil atualmente.
Nessa terça-feira (30/5), ao compartilhar o vídeo em que conta ser o dia de seu transplante, ela comemora: “Hoje eu recebi o presente mais especial da minha vida todinha: uma família disse ‘sim’ para a doação de órgãos. Meu coração está chegando e junto dele vem amor, muito amor”, disse.
