Maus-tratos em escola: “Minha filha ficou na sala escura até dormir”

Mãe conta, ainda, que filha foi colocada no meio de uma roda e colegas foram obrigados a xingá-la; polícia pediu a prisão do casal de donos

atualizado 23/06/2023 22:45

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Reprodução/TV Globo

São Paulo – Após as denúncias contra os donos de uma escola particular de educação infantil do Cambuci, zona sul de São Paulo, virem à tona, mães e pais de alunos descobriram episódios de maus-tratos a que os filhos eram submetidos. Um dos casos mais graves envolve a filha da analista financeira Larissa Rodrigues, 35 anos, que em um dos castigos teria sido colocada no meio de uma roda para que outros alunos, por ordem dos proprietários, a xingassem.

A filha de Larissa, hoje com 8 anos, é descrita como uma criança muito sensível e emotiva. “Ela chora quando não entende uma lição ou simplesmente se fica nervosa. Isso incomodava os donos, que a hostilizavam”, afirma a mãe. “Só agora descobri que o diretor a puxava e arrastava pelo capuz do casaco até a sala escura do castigo. Uma vez ficou tanto tempo lá que pegou no sono.”

Larissa tem outro filho, de 7 anos. Os dois saíram da escola no final do ano passado, depois que a mãe descobriu que a direção não havia cadastrado as crianças no sistema da Secretaria de Estado da Educação. “Fiquei muito irritada com isso e resolvi tirá-los da escola, mas nunca poderia imaginar que as crianças eram maltratadas”, conta.

Com o caso no noticiário, Larissa os chamou para conversar e pediu que contassem tudo o que lembravam. “Só então descobri o que acontecia. Estou em choque”, diz. “Você não imagina a dor de ouvir sua filha contar que foi colocada no meio de uma roda para ser xingada pelos colegas. E o amiguinho que não xingasse era colocado de castigo”, afirma a mãe.

O filho de Larissa contou que também ficava na sala escura, mas o que mais o marcou era ser “obrigado” a comer toda a comida do prato. “Se ele não comesse, o diretor abria sua boca à força e colocava toda a comida goela abaixo.”

Larissa foi uma das mães ouvidas esta semana pelo delegado Fábio Daré, do 6º DP de São Paulo. Segundo ela, os filhos dizem que nunca contaram nada porque tinham medo do diretor.

Outra mãe ouvida pela polícia foi a nutricionista Carina Pereira Barbosa, 37 anos. Ela é mãe de um menino de 8 anos e de uma menina de 1 ano e meio – a criança que aparece em um vídeo sendo obrigada, aos gritos, a guardar brinquedos em uma caixa (veja abaixo).

Carina conta que foi procurada na semana passada pela professora que fez os vídeos que flagraram os maus-tratos. “Foi um choque. Eu nunca imaginei que esse tipo de coisa pudesse acontecer”, diz.

Além dos gritos com a filha, ela descobriu que o filho também ficava na sala escura, principalmente quando não conseguia comer todo o almoço ou jantar. Já a filha menor teria ficado sem comer em algumas ocasiões e chegava em casa com muita fome.

Em outra situação, segundo Carina, um menino fez xixi na roupa e teve que ficar sem roupa no corredor do banheiro, uma área descoberta, num dia de frio e chuva. “Essa criança foi para o hospital com pneumonia e só agora descobrimos o motivo. A gente entrega nossas vidas para essas pessoas e elas fazem isso? É muito revoltante.”

Carina já matriculou o filho em outra escola e, por enquanto, vai manter a caçula em casa.

Depoimentos

Até agora, 12 mães prestaram depoimento, e todas relataram a mudança de comportamento dos filhos. A polícia não sabe há quanto tempo os maus-tratos aconteciam. Após as denúncias, a escola fechou as portas na quarta-feira (21/6).

A polícia pediu à Justiça nesta sexta-feira (23/6) a prisão temporária do casal proprietário da escola, além de um mandado de busca e apreensão. Até o momento, nenhum representante do estabelecimento foi à delegacia.

Em nota enviada nesta sexta-feira (23/6), a Secretaria de Estado da Educação informou que “é contra qualquer tipo de violência, seja dentro ou fora das escolas”. Segundo o órgão, a diretoria de ensino Centro-Sul abriu uma averiguação sobre todos os relatos apontados e encaminhou o processo de sindicância para a Seduc-SP, onde as partes serão ouvidas e todos os documentos serão analisados. “Após conclusão, as medidas cabíveis serão tomadas.”

Metrópoles tentou entrar em contato com a escola por telefone fixo, celular e mensagem, mas ninguém respondeu. O perfil da instituição no Instagram está fora do ar. O espaço segue aberto para manifestações.

 

 

 

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