São Paulo – A Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil (Arbib), responsável pela Mesquita do Brás, no centro da capital paulista, se manifestou neste sábado (7/1) sobre denúncias de discriminação, atribuídas ao templo, feitas pelo xeque Rodrigo Jalloul, em 10 de dezembro.
Na ocasião, o líder religioso compartilhou um vídeo em que homens aparecem se agredindo, dentro da Mesquita do Brás. Um deles é expulso do local. Jalloul afirmou que a causa da confusão seria a suposta proibição para o ingresso no local de brasileiros, incluindo xeques, motivada por “discriminação.”
Por meio de nota, o presidente da Arbib, Hassan Ali Gharib, afirmou que a acusação “injusta e sem fundamentos de Jalloul” não passaria “de uma calúnia”, usada como “propaganda enganosa e difamação” à imagem da Mesquita do Brás, segundo ele “um dos cartões postais da cidade de São Paulo.”
Gharib ainda esclarece que a entidade islâmica, além de trabalhar servindo sua comunidade, também inclui aí “todos aqueles que batem à sua porta, sem discriminação alguma de raça, cor, crença, classe social e nacionalidade.”
Sobre as agressões, registradas em vídeo, o presidente da associação afirmou ter sido “um fato isolado”. “Todas as acusações infundadas e injustas feitas e direcionadas a essa entidade e aos que a administram tem como objetivo principal a difamação e [a geração de] intrigas.”
O motivo para a briga, acrescentou a entidade, seria “problemas pessoais” entre dois homens.
O representante da Arbib disse ainda que os “relatos irreais” sobre a suposta discriminação necessitam de provas “concretas e reais” para que a denúncia tenha “credibilidade”. “Com toda a tranquilidade sabemos que não há nada que se comprove a não ser falácias como calúnias, falsidades e maledicência”, diz trecho da nota.
Xeque brasileiro rebate
O xeque Rodrigo Jalloul afirmou ao Metrópoles, na tarde deste sábado, que a nota da associação islâmica reforça sua convicção de que a entidade age de forma discriminatória.
“Já começa aí [na nota da Arbib] o primeiro fato de discriminação com relação ao brasileiro, quando já começa pelo nome, em que eles [associação] não me chamam de xeque. Eles colocam Rodrigo Jalloul, como qualquer outra pessoa, mas independente deles aceitarem, ou não, eu sou um líder religioso do Islã”, disse Jalloul.
Ele é o primeiro brasileiro nato a se tornar um religioso xiita (quem segue a linhagem da família de Maomé).
Outro ponto da nota rebatido pelo líder religioso é a motivação para a briga, registrada em vídeo. A origem da confusão, em sua versão, é que um outro líder religioso teria sido impedido de fazer uma oração na Mesquita do Brás, pela atual diretoria.
O xeque brasileiro disse ainda não precisar usar um caso como o ocorrido no templo para se promover. “Já tenho um nome na mídia. Não ira me aproveitar de uma coisa horrível que aconteceu dentro da Mesquita, que supostamente deveria ser a casa de Deus. Não precisaria divulgar um vídeo desse para me promover, porque já tenho um nome na mídia”, rebateu.
O religioso é conhecido por promover ações de auxílio às pessoas em situação de rua, juntamente com o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo.
O líder religioso acrescentou que o vídeo foi feito por uma libanesa, em uma quinta-feira. As imagens viralizaram e ele reproduziu o registro, em uma rede social, dois dia depois. “Talvez eu teria sido uma das últimas pessoas a divulgar. Eu denunciei isso como um líder religioso e se lá é uma Mesquita é problema de todos o muçulmanos, inclusive eu. Eu não não me excluo da comunidade como eles me excluem.”
O xeque Rodrigo Jalloul ressaltou ainda que rechaça a postura da diretoria que “não é a comunidade, nem é a Mesquita”. A direção, concluiu, “afasta os fiéis do Islã.”