São Paulo — O Tribunal Criminal da Turquia decidiu pela prisão provisória do casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Treki, em audiência realizada nessa quinta-feira (30/11). Segundo a defesa, os dois tiveram as etiquetas das malas trocadas e colocadas em bagagens que seguiram para aquele país com 43 quilos de cocaína, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
O caso foi revelado pelo programa Fantástico. Em outubro de 2022, Ahmed e Malak viajaram de São Paulo para Istambul. Eles desembarcaram, pegaram suas malas e deixaram o local normalmente. Alguns dias depois, foram para a Líbia.
Em maio deste ano, ao viajar sozinho para a Turquia, Ahmed foi detido. As malas com os 43 quilos da droga e com as etiquetas que tinham seu nome e o de sua mulher haviam sido despachadas de Guarulhos no dia 26 de outubro de 2022 — quatro dias depois de o casal ter deixado o Brasil. Quando as bagagens com as etiquetas trocadas chegaram a Istambul, foram interceptadas pela polícia turca.
“A justificativa da juíza ao determinar a prisão foi baseada no fato de o casal ser estrangeiro, o que colocaria em risco a efetividade da Justiça, [porque] eles poderiam fugir”, afirmou a advogada Luna Provazio, responsável pela defesa do casal no Brasil.
Luna também representou as brasileiras Jeanne Paollini e Kátyna Baía, que foram presas na Alemanha neste ano, após terem as etiquetas trocadas em Guarulhos. Elas foram soltas depois de quase 40 dias na prisão.
Segundo Luna, o argumento contra o casal “não tem o menor sentido”. “O Ahmed está lá [na Turquia] desde abril. Semanalmente, ele vai à polícia e coloca a digital dele. Não tentou fugir em nenhum momento”, disse.
Além disso, Malak foi espontaneamente participar da audiência do marido. “Ela nem era obrigada, estava na Líbia e foi para a Turquia acompanhar o julgamento”, afirmou Luna.
“Eles foram vítimas da falta de segurança nos aeroportos do Brasil e da irresponsabilidade por parte das companhias aéreas”, completou a advogada.
O casal é considerado inocente pela Polícia Federal do Brasil. Não há inquérito policial nem processo contra eles no Brasil. Ahmed e Malak também não possuem antecedentes criminais, segundo a defesa.