São Paulo – Desde que a luz acabou, na última sexta-feira (3/11), no bairro Jardim Nova Coimbra, em Cotia, na região metropolitana de São Paulo, a salgadeira Dalvina Maria da Conceição estima que já perdeu mais de R$ 2 mil.
O valor equivale aos pagamentos que ela receberia para preparar encomendas de quitutes para os moradores da região. Os ingredientes dos salgados, no entanto, foram todos para o lixo. Nesta segunda-feira (6/11), a casa de Dalvina completou 70 horas sem energia.
“Os meus clientes tão pedindo [os salgados] e eu falei para eles que eu não posso fazer. Já perdi presunto, queijo, frango, carne moída…”, diz ela.
Na geladeira de Dalvina não sobrou nenhum alimento. Sem condições de armazenar a comida que prepara, ela e o marido estão comprando marmitas na região para dividir durante o almoço e a janta.
“Eles falaram ontem que iam arrumar esse poste, mas até agora não chegou [a luz] não. Ontem eu passei no [supermercado] Atacadão e o povo tava até brigando porque nem vela tinha mais”, afirma a salgadeira.
Na Rua da Esperança, no Jardim Cotia, a queda de árvores com o temporal da última sexta atingiu veículos e a rede elétrica. Nas redes sociais, moradores lamentavam a situação. “Até o momento, seguimos sem energia”, disse uma mulher. “Quando a Enel vai ligar a energia, só Deus sabe”, afirmou outro usuário.
“Aqui na Rua Itapetininga, Jd. Araruama ainda estamos sem energia… 72 horas e nada, cadê as autoridades dessa cidade?”, questionou uma moradora no Instagram da Prefeitura.
Além do Jardim Nova Coimbra, bairros como Jardim Lavapes das Graças, Jardim Araruama e Granja Viana também continuam sem energia até o início da noite desta segunda-feira (6/11).
A gestão do prefeito Rogério Franco (PSD) afirma que tem feito “reiteradas cobranças à Enel” e diz que a concessionária prometeu solucionar o problema até terça-feira (7/11).
A falta de energia na cidade prejudica também o funcionamento da rede municipal de ensino, que está com aulas suspensas.
Nesta segunda, a Secretaria de Educação anunciou que as escolas permanecerão fechadas até pelo menos quarta-feira (8/11).
Em nota publicada nas redes sociais, a prefeitura de Cotia afirma que o fornecimento de energia já foi restabelecido na maior parte dos colégios, mas diz que não houve “tempo hábil” para organizar a merenda.
“Apesar do fornecimento de energia está normalizado (sic) em ¾ das unidades escolares, não foi possível repor em tempo hábil os itens de preparo da merenda para os alunos. A reposição será feita ao longo da terça-feira (7/11) e a retomada das aulas será na quarta-feira (8/11)”, diz a gestão.
Nos colégios em que a energia não foi religada não há previsão de reabertura para os alunos.
Outro serviço impactado pela falta de energia na região foi o SAMU. A central de regulação do órgão, que fica em Itapevi, ficou inoperante até o início da tarde desta segunda.
Segundo a prefeitura de Cotia, a energia na central foi religada, mas os telefones seguiam fora do ar. Por isso, serviços de emergência como o Corpo de Bombeiros e as Unidades de Pronto-Atendimento precisaram contatar diretamente a coordenação do SAMU em Cotia.
O Metrópoles questionou se o problema foi resolvido, mas não foi respondido até a publicação desta reportagem.
Até a noite da última sexta-feira (3/11), a cidade também estava com parte do abastecimento de água interrompido. Em nota, a Sabesp afirmou que continua trabalhando de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque.
“A Sabesp agradece o apoio da população e recomenda que os clientes priorizem o uso da água para higiene e alimentação até que o abastecimento esteja normalizado”, diz a empresa.