Guarujá: moradores temem escalada de violência após morte de PM da Rota

Moradores da região em que um PM foi assassinado no Guarujá temem vingança; cidade do litoral paulista vive onda de violência neste ano

atualizado 29/07/2023 8:37

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Imagem colorida mostra homem de blusa cinza observando viatura da Rota ao fundo estacionada em um corredor de hospital - Metrópoles Reprodução

São Paulo — Diante de uma onda de crimes que espalhou a sensação de insegurança pela cidade, o Guarujá, destino turístico no litoral paulista, teme nova escalada de violência após o assassinato de um policial militar das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), ocorrido na noite de quinta-feira (27/7).

Moradores da favela Vila Zilda, onde o soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, foi morto com um tiro dentro da viatura na qual fazia patrulhamento, têm receio de uma retaliação por parte dos PMs, provocando mais mortes. Outros três policiais estavam na viatura atingida por disparos. Um cabo foi baleado, sem gravidade.

Em um áudio obtido pelo Metrópoles, um morador da favela relata a membros de um grupo do bairro seu temor sobre possível onda de violência por parte da PM (ouça abaixo).

 

“Se liga aí que os caras [PMs] ‘vai’ começar a matar, hein […] Nós ‘têm’ que ficar alerta também. Às vezes, a gente tá saindo para trabalhar de madrugada, tromba com os caras [policiais] na rua, os caras não vão querer saber não, pai, vai querer sentar o dedo [atirar], entendeu.”

Na tarde de sexta-feira (28/7), um suspeito foi morto em uma suposta troca de tiros com policiais militares, durante uma operação para identificar os responsáveis pelo assassinato do soldado da Rota. Além do homem morto, a polícia diz ter identificado três suspeitos de envolvimento no caso, dos quais dois já estão detidos, entre eles o suposto atirador que matou o PM.

Em depoimento à Polícia Civil, os PMs que estavam na viatura alvo dos disparos afirmaram não terem visto quem atirou contra a guarnição.

Como o Metrópoles mostrou em junho, o Guarujá viveu no primeiro semestre uma onda de violência, com aumento de roubos e registro de arrastões, assaltos com fuzil e até ataque cinematográfico a caixa eletrônico.

Para tentar reverter o cenário de insegurança, a prefeitura da cidade litorânea anunciou no mês passado o reforço da Tropa de Choque da PM de São Paulo, da qual a Rota faz parte. O município também mira a fiscalização de bicicletas, o principal veículo usado na prática de roubos.

Alta de crimes

Dados oficiais confirmam o aumento da violência que assusta moradores, turistas e autoridades locais. Os roubos subiram 45,8% em Guarujá, com 1.625 casos registrados no primeiro semestre deste ano. No mesmo período de 2022, foram 1.114 ocorrências, segundo as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

A cidade também registrou um assalto a banco no dia 5 de abril – o que não acontecia desde 2014. Na ocasião, criminosos usaram explosivos para atacar uma agência na Praia da Enseada, uma das mais badaladas do litoral, e atiraram contra uma base da PM para retardar a reação.

O município foi palco, ainda, do assassinato do comerciante Osil Vicente Guedes, de 49 anos, ex-policial militar, espancado até a morte.

Para pedir socorro ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), a gestão do prefeito Válter Suman (PSB) preparou um dossiê dos crimes cometidos no Guarujá durante dois meses. A lista incluiu tiroteios com mortes, arrastões contra idosos na praia, além de turistas feitos reféns em uma casa de veraneio.

Policiamento

O pedido de reforço policial foi feito em audiência com o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da PM, em  30 de maio, que confirmou à prefeitura o envio de tropas de choque e do policiamento de trânsito para blitze preventivas.

Antes, a administração municipal havia anunciado o reforço de 75 guardas civis municipais (GCMs), cujo efetivo passou a ter 352 agentes. Os guardas focam seus trabalhos no monitoramento de áreas mais frequentadas, como praias e calçadões, e também fiscalizam bicicletas.

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Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária
Policial da Rota é morto em Guarujá
PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá
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PM da Rota Patrick Bastos Reis baleado e morto durante patrulhamento no Guarujá

Divulgação/Polícia Militar
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Policiais da Rota baleados no Guarujá foram socorridos no Pronto Atendimento Municipal da Rodoviária

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Policial da Rota é morto em Guarujá

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PM declara luto pela morte de Patrick Bastos Reis, policial da Rota morto no Guarujá

 

Letalidade da PM cresce

Em meio à estagnação do programa de câmeras corporais e a mensagens de apoio de comandantes para policiais militares que entraram em confronto em São Paulo, as mortes cometidas por PMs em serviço subiram 26% nos seis primeiros meses do governo Tarcísio de Freitas.

Segundo dados da SSP divulgados na terça-feira (25/7), 155 pessoas morreram durante ações de PMs em serviço entre janeiro e junho de 2023. No mesmo período do ano anterior, haviam sido 123 ocorrências.

O número de policiais mortos enquanto trabalhavam também subiu. Foram cinco casos no primeiro semestre, ante três assassinatos no mesmo período de 2022. Na maior parte das ocorrências, no entanto, os agentes foram vítimas dos próprios colegas.

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