Grupo de WhatsApp levou à prisão de “João de Deus” de Socorro; entenda

Vítimas se organizaram para decidir se apresentavam denúncia contra o líder espiritual Jessey Maldonado, preso por estupro em Socorro

atualizado 18/01/2024 18:18

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foto colorida de Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual - Metrópoles Reprodução/TV Bandeirantes

São Paulo — Um grupo de WhatsApp foi o ponto de partida para as denúncias que acabaram com a prisão de Jessey Maldonado Monteiro, de 49 anos, na última segunda-feira (15/1). O líder espiritual, tratado pela polícia como o “João de Deus” de Socorro, cidade do interior paulista, é acusado por 14 mulheres de estupros cometidos durante sessões espirituais.

Seis dessas mulheres criaram um grupo no aplicativo de mensagens quando identificaram que todas haviam sofrido abusos do líder espiritual, conforme disse a advogada de defesa Jéssica Toledo ao Metrópoles.

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Líder espiritual é preso suspeito de abuso sexual; na imagem, objetos apreendidos na casa do líder espiritual

Divulgação/Polícia Civil
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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, preso por abusar de mulheres em centro espiritual

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Jessey Maldonado Monteiro, o João de Deus de Socorro, sendo preso acusado de abusar de mulheres em centro espiritual

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Líder espiritual é preso suspeito de cometer diversos estupros

Reprodução
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Jessey Maldonado foi preso na segunda-feira (16/1), acusado de estupros

Reprodução/Thalles Rodrigues

Ao longo das conversas, elas debateram e decidiram se iriam ou não fazer uma denúncia formal sobre os crimes supostamente cometidos por Jessey. As mulheres uniram forças e procuraram pela Comissão de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica e Sexual da OAB, presidida por Jéssica.

Como eram os abusos

Entre os relatos das vítimas, há informações de que o líder espiritual oferecia um copo d’água “essencial”, aplicava uma grande quantidade de óleo nas partes íntimas delas e encostava seu pênis nas mãos das mulheres.

O suspeito foi preso pela Polícia Civil na última segunda-feira (15/1). Na casa dele, foram apreendidos brinquedos sexuais, seringas, câmeras, remédios e duas armas de fogo – sendo uma delas ilegal.

A delegada Leise Silva, responsável pelo caso, afirmou ter identificado ao menos outras 15 vítimas, que ainda não compareceram formalmente à delegacia. A polícia batizou a operação de “João de Deus Socorrense”, em alusão ao líder religioso condenado a quase 500 anos por abusos cometidos contra mulheres que frequentavam seu templo espiritual em Abadiânia (GO).

Além de atuar como líder espiritual no centro religiosos, Jessey era chefe do setor de radiologia da Santa Casa de Socorro. Há indícios de que pacientes do hospital também sofreram abusos sexuais do suspeito.

Segundo Jéssica, há uma menor de idade que afirma ter sido abusada durante um exame de radiografia do pulmão, quando tinha apenas 15 anos, na Santa Casa de Socorro.

A maioria dos casos de abuso acontecia dentro do centro de umbanda. De acordo com a advogada, os relatos das vítimas são muito parecidos. Elas relataram que Jessey pedia para que bebessem um copo d’água, alegando que “a água é uma condutora elétrica essencial para a terapia”. A polícia investiga se o líder espiritual colocava alguma substância para dopar as vítimas.

As sessões duravam em torno de duas horas. O homem pedia para as vítimas tirarem o sutiã porque “precisava fazer massagem na região do peito”. “Elas até sentiam dores excessivas, ele apertava muito os peitos delas”, disse a advogada.

Segundo Jéssica, o suspeito passava muito óleo no corpo das mulheres, principalmente na região da vagina. “Uma delas me relatou que pediu para ir ao banheiro, porque queria parar com aquilo. Ela disse que ficou com a calcinha encharcada de óleo.”

“Elas relatam que ele posicionava as mãos delas de um jeito que ele pudesse encostar o pênis durante a massagem”, afirmou a advogada.

Ainda de acordo com os relatos, as vítimas entravam em um estado de negação e se questionavam se estavam erradas. “As mulheres se perguntavam: ‘Será que eu estou sexualizando o serviço dele? Será que isso está acontecendo?’”, disse Jéssica.

Relato de vítima

Uma mulher que passou por sessões de quiropraxia com o líder espiritual relatou, em entrevista à EPTV, como aconteceram os abusos. Ela conheceu Jessey no templo religioso e o procurou para tratar de uma dor nas costas, de acordo com o depoimento.

“Eu era filha de santo do terreiro, foi lá que conheci ele. Inclusive foi lá que fiz a [primeira] sessão de quiropraxia. Como estava no meio de todo mundo, não aconteceu nada. Mas eu decidi continuar os procedimentos, então procurei ele de novo e a gente marcou [outra sessão].”

De acordo com a suposta vítima, o homem era “supersimpático” e ela nunca desconfiou do tratamento, por ele ser seu “irmão de santo”. No entanto, na sessão seguinte, que teria acontecido na casa de Jessey, o suspeito pediu a ela que tirasse o sutiã, para realizar uma massagem.

“Eu falei que não sabia se tirava o sutiã. Falei que nunca tinham me pedido isso em todas as massagens que fiz. Aí ele me convenceu. Disse que todas faziam isso, que todas as mulheres tiravam o sutiã e que ele trabalhava muito na região do peitoral porque fazia parte da massagem”, afirmou a mulher.

“Eu confiei nele. Achei que seria certo. Mas, no momento do toque, ali que eu estranhei porque não estava normal. Nunca tinha acontecido isso em massagem nenhuma”, disse a mulher.

O que diz a defesa

O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Jessey Maldonado Monteiro. Em nota, o advogado Ricardo Rafael, que representa o indiciado, informa que não se manifestará sobre o caso, “uma vez que os autos se encontram em segredo de Justiça” e que “no momento oportuno, demonstrará toda a improcedência acusatória”.

“A respeito da prisão preventiva decretada, a defesa informa que respeita a decisão, mas irá recorrer, pois os argumentos utilizados não encontram respaldo legal, onde a presunção da inocência deve prevalecer. Sua decretação é uma afronta aos princípios basilares do Estado Democrático de Direito, regras que regem o processo penal brasileiro”, conclui a defesa.

O Metrópoles entrou em contato com a Santa Casa de Socorro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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