Golpe da fruta: “Ninguém é obrigado a comprar”, diz gestor do Mercadão

Responsável por administrar o Mercadão de SP, Aldo Bonametti afirma que tomou "atitudes enérgicas" para reduzir o chamado golpe da fruta

atualizado 11/03/2023 0:14

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Aldo Bonametti, gestor do Mercadão de SP Acervo Pessoal

São Paulo – Proibir abordar o cliente com faca de lâmina, notificar o lojista para ressarcir o comprador que se sentir lesado e até interditar boxes acusados de tentar enganar o cliente.

Essas são parte das “atitudes enérgicas” que Aldo Bonametti, o responsável por administrar o Mercadão de São Paulo, no centro da capital paulista, afirma ter adotado para coibir o chamado golpe da fruta, em que clientes são coagidos a realizar compras por preços bem mais altos.

“Eu dependo do feedback do consumidor, a gente não consegue acompanhar todas as vendas de 20, 25 boxes de frutas todos os dias”, diz o diretor-presidente do consórcio Mercado SP, concessionária que assumiu o Mercadão em outubro de 2021 e vai administrar o espaço por 25 anos, em entrevista ao Metrópoles.

Aldo Bonametti, gestor do Mercadão de SP
Aldo Bonametti, gestor do Mercadão de SP

Na conversa, Bonametti também diz que pretende transformar o tradicional mercado paulistano no maior Mercadão do mundo em janeiro de 2025 e aborda como a empresa espera lucrar com a administração do espaço: “Devemos começar a ter retorno até o fim do ano”.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Aldo Bonametti ao Metrópoles:

Nos últimos meses, vira e mexe, o Mercadão aparece associado ao chamado “golpe da fruta”. O que a concessionária tem feito para coibir a prática e reverter esse cenário?
Quando assumimos o Mercadão, percebemos que essas informações existem há 20 anos e já iniciamos as medidas desde o início da gestão. Começamos oferecendo palestras e cursos para os lojistas. Entre fevereiro e abril de 2022, houve um pico de denúncias e tomamos atitudes mais enérgicas, como advertência e multa. Três estabelecimentos foram interditados: um entregou o ponto e os outros dois se adequaram. É importante dizer que não é todo mundo que aplica golpe. Depois das medidas mais enérgicas, reduziu bastante o número de denúncias.

Como a concessionária faz a fiscalização das vendas?
Eu dependo do feedback do consumidor, a gente não consegue acompanhar todas as vendas de 20, 25 boxes de frutas todos os dias.

Se o cliente se sentir enganado ou coagido, como deve proceder?
O consumidor faz a reclamação e a gente notifica o vendedor para que recomponha o consumidor. Outra coisa é o preço: ninguém é obrigado a comprar ou a concordar. Como não posso tabelar o preço, pedi para o atacado, que vende mais barato, abrir mais cedo e assim criar uma competição sadia com o varejo. Mas qualquer problema que houver – uma fruta podre ou um valor muito alto – pode ser relatado. Todas as reclamações foram resolvidas até aqui.

Outras estratégias foram adotadas?
Recentemente, a gente acabou com os avanços de bancas de fruta, para deixar os corredores mais livres e a circulação mais fácil. Também pensamos em regulamentar a proibição de abordagens fora da loja, mas essa é uma questão cultural muito arraigada em todos os mercados, não só aqui. Hoje, apostamos na qualificação dos lojistas para atender os clientes e atrair turistas.

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Clientes alegam que pagam preços abusivos por frutas. Algumas pessoas contam que poucas frutas ultrapassou R$ 500.
Nas redes sociais, visitantes denunciam táticas agressivas de vendas.
Segundo os relatos, consumidores só são informado do preço na hora do pagamento, e valores são calculados por 100g, e não por quilo.
Há relatos de ameaças contra clientes que se recusaram a pagar os valores cobrados.
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Mercado Municipal de São Paulo.

Fábio Vieira/Metrópoles
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Clientes alegam que pagam preços abusivos por frutas. Algumas pessoas contam que poucas frutas ultrapassou R$ 500.

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Nas redes sociais, visitantes denunciam táticas agressivas de vendas.

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Segundo os relatos, consumidores só são informado do preço na hora do pagamento, e valores são calculados por 100g, e não por quilo.

Fábio Vieira/Metrópoles
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Há relatos de ameaças contra clientes que se recusaram a pagar os valores cobrados.

Fábio Vieira/Metrópoles

Por que os lojistas foram proibidos de abordar o cliente com faca de lâmina? É para evitar que ele se sinta ameaçado a comprar?
A faca de plástico tem esse viés de segurança, mas a questão principal é de limpeza. Não é higiênico usar a mesma faca para cortar várias frutas e servir diversos clientes diferentes. Para cada novo consumidor, tem que trocar.

O Mercadão já recuperou o público pré-pandemia?
Em dezembro de 2021, fizemos uma pesquisa que mostrou uma média de 10 mil pessoas por dia e o dobro desse público no sábado. O ano passado foi de incremento, tanto pela própria retomada da economia quanto pelas mudanças promovidas para segurança e tratamento dos clientes, mas não tenho um número novo. A pesquisa está sendo refeita agora.

A segurança do entorno é um entrave?
É uma questão grave. Hoje, o meu maior problema é a feira que acontece de madrugada no entorno e impede a nossa ideia de abrir o Mercadão 24h. Centenas de carros e caminhões ficam estacionados e travam as ruas. Tem sujeira, insegurança, fica um caos de manhã. Estamos conversando com a prefeitura para colocar essa feira em um lugar adequado – se possível, ainda neste primeiro semestre. Com isso, a gente consegue abrir restaurantes para atrair mais público e ficar aberto até mais tarde.

Qual é a visão da concessionária para o Mercadão?
A nossa visão estratégica é conciliar o conteúdo gastronômico e cultural, passando a criar eventos com festas e shows. Não é só comer, é toda a experiência. Fizemos uma festa junina sensacional, já tivemos degustação de chocolate… É uma característica que o Mercadão não tinha. Além disso, temos um projeto de produtos de marca, como o azeite Mercadão, o vinho Mercadão. A nossa meta é ser o melhor Mercadão do mundo no dia 1º de janeiro de 2025.

Qual é o modelo de negócio?
Como a locação é limitada, a gente tem implementado rendas acessórias. Todas essas ativações são fontes de receita. O acesso ao público é gratuito, mas os produtos são pagos. Em 25 anos de concessão, acaba valendo a pena.

Para assumir o Mercadão, a proposta foi de R$ 112 milhões para a Prefeitura, com investimento mínimo de R$ 83 milhões na reforma do prédio. Menos de dois anos depois, já dá retorno?
Se a gente não tivesse a reforma, poderíamos dizer que estava empatando. Devemos começar a ter retorno até o fim do ano.

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