Febre maculosa: surto em São Paulo é da versão mais letal da doença

Bactéria que causa a febre maculosa é da família das Rickettsias; letalidade da versão brasileira é em torno de 50%

atualizado 17/06/2023 12:13

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São Paulo (SP) – A febre maculosa brasileira, que provocou a morte de pelo menos quatro pessoas em Campinas, no interior de São Paulo, no mês de junho, é a versão mais letal da doença, de acordo com infectologistas ouvidos pelo Metrópoles.

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Vítimas de febre maculosa

Arte Metrópoles com fotos de redes sociais
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Fazenda Santa Margarida

Reprodução/Redes sociais
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Reprodução/Redes Sociais
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Placa alerta sobre risco de febre maculosa

Eduardo Lopes/Arquivo PMC
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Prefeitura de Campinas fala sobre casos de febre maculosa

Reprodução/YT
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Carrapato-estrela, responsável por transmitir a febre macuolosa

A enfermidade, conhecida em outros países como ricketticiose, é encontrada em todo o mundo, em especial na Ásia, na África e na Europa. As ricketticioses são doenças transmitidas por bactérias da família das Rickettsias. No caso da febre maculosa brasileira, a bactéria responsável é a Rickettsia rickettsi.

Julio Croda, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, disse ao Metrópoles que os diferentes tipos de rickettciose apresentam sintomas semelhantes, mas a versão da febre maculosa brasileira tem traços mais violentos.

“Febre maculosa é um termo do português. A gente chama internacionalmente de ricketticioses, porque a Rickettsia é uma família muito grande de bactérias diferentes. A doença causada pela Rickettsia rickettsii é a mais letal. O que há de mais grave são os fenômenos hemorrágicos, que levam à falência de múltiplos órgãos, como falência renal, cardíaca, pulmonar, confusão mental”, diz o infectologista.

Segundo Croda, a taxa de mortalidade da febre maculosa brasileira gira em torno de 50% no que diz respeito a casos hospitalares.

“Existe uma gama de pacientes que não desenvolve sintomas graves. Mas quando isso acontece, a letalidade é muito elevada. A forma grave da doença tem uma letalidade extremamente elevada. Dos casos de Rickettsia rickettsii que são hospitalizados, 50% morrem”, comenta o especialista.

O infectologista Fernando Vilar, doutor em clínica médica, afirma que a diferença entre os sintomas provocados pela Rickettsia rickettsii e outras bactérias da família pode estar em uma possível adaptação ao continente.

“São sintomas parecidos. Mas a nossa parece que é mais agressiva. Isso pode ser por causa de uma adaptação ao perfil sulamericano. Ela acaba sendo mais grave nesse lugar do mundo. Mas não dá para dizer o que ela tem de específico que a torna um pouco mais grave”, afirma Vilar.

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Segundo o infectologista, no caso de infecção por Rickettsia rickettsii, é preciso iniciar o tratamento assim que o diagnóstico é feito.

“O indicado é a oxacilina, que é um antibiótico que a gente usa habitualmente. O ideal é fazer logo no início. Porque quando o paciente está em hemodiálise, a chance de ele voltar atrás e melhorar é difícil. A letalidade é realmente muito alta”, diz o médico.

Vilar afirma que outros tipos de rickettciose também podem ser encontradas no Brasil: “Você tem por exemplo Rickettsia de cachorro, como erliquiose, febre Q. São doenças que podem ser transmitidas por essas bactérias”. Segundo ele, as doenças também podem evoluir para formas graves.

Febre maculosa

A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado precocemente com antibióticos adequados. O principal sintoma da doença é febre alta, que pode ser confundida com outras enfermidades.

“Por isso, é importante que o médico sempre pergunte, ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, afirma Andrea von Zuben.

Os principais sintomas da febre maculosa são:

  • Febre;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia e dor abdominal;
  • Dor muscular constante;
  • Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
  • Gangrena nos dedos e orelhas;
  • Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
  • Na evolução da doença, também é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

Como é a transmissão?

A transmissão da doença ocorre em ambientes silvestres, nos quais exista o carrapato Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Para que ocorra a transmissão, é necessário que o carrapato fique fixado na pele por um período de cerca de 4 horas.

Como se proteger:

Ao realizar trilhas e atividades de lazer ao ar livre, algumas precauções devem ser tomadas para evitar a febre maculosa:

  • Evitar caminhar, sentar e deitar em gramados e em áreas de conhecida infestação de carrapatos;
  • Em áreas silvestres, realizar vistorias no corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas para diminuir o risco de contrair a doença;
  • Se forem verificados carrapatos no corpo, não esmagá-lo com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e infectar partes do corpo com lesões;
  • Se encontrar o parasita, ele deve ser retirado de leve com torções e com auxílio de pinça, evitando contato com as unhas. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção;
  • Utilizar barreiras físicas, como calças compridas, com a parte inferior por dentro das botas ou meias grossas;
  • Utilização de roupas claras para facilitar a visualização e retirada dos carrapatos.
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