Exclusivo: droga do “efeito zumbi” é apreendida a cada 2h nas cadeias

Consumo e apreensões do canabinoide chamado de spice, k9, ou maconha sintética disparou em SP. A droga provoca o chamado "efeito zumbi"

atualizado 17/04/2023 15:50

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Usuário de maconha sintética efeito zumbi Reprodução

São Paulo – As apreensões do canabinoide sintético, que causa o chamado “efeito zumbi“, explodiram no sistema carcerário paulista, onde foi registrada a primeira ocorrência com a droga em 2017. Só no ano passado, foram 4.091 casos, o equivalente a um a cada duas horas.

A droga sintética é conhecida como k9, k2, k4, spice, ou ainda space. Ela não é maconha, apesar de ser chamada como tal por ser consumida na forma de cigarro e se conectar com os mesmos receptores cerebrais que a erva natural. A explosão do uso da substância tem traumatizado famílias de usuários, gerando internações e mortes.

O Metrópoles obteve com exclusividade os dados de apreensões, cada vez maiores, feitas pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que registrou alta de 5.581% em quatro anos, e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcórtico (Denarc). As apreensões nas ruas também crescem gradativamente em São Paulo, desde que a droga migrou do sistema carcerário para as bocas de fumo.

O primeiro registro de apreensão da maconha sintética, em São Paulo, ocorreu na véspera do Natal de 2017, na Penitenciária de Presidente Bernardes, no interior paulista. Na cadeia, a droga é chamada de k4 e chega borrifada em folhas de papel, ou fotografias.

Dados da SAP indicam que houve no sistema carcerário paulista um aumento de 5.581% na apreensão de k4, de 72 casos, em 2018, para 4.091, em 2022.

O crescimento mais acentuado foi em 2020, após o início da pandemia da Covid-19. Naquele ano houve 1.256 ocorrências. Isso ocorreu devido à proibição de visitas, que impulsionou o envio de correspondência aos detentos. Neste ano, até março, foram registradas 528 apreensões do entorpecente.

Por causa da forma como entra no sistema prisional, borrifada em papel, a SAP proibiu no início de 2022 a entrada de papel sulfite nas unidades prisionais, além de restringir o número de fotos e outros impressos enviados por correspondência.

“Além da vigilância permanente dos agentes, as unidades prisionais são equipadas com escâner corporal, aparelhos de raio-x e detectores de metais para coibir ocorrências”, afirmou a pasta, em nota enviada neste sábado (15/4) ao Metrópoles.

Agentes penitenciários também são treinados, acrescentou a SAP, “para que evitem casos como os mencionados pela reportagem.”

Da cadeia para as ruas

Com a popularização no sistema carcerário e aumento da produção – feita em laboratórios clandestinos e assessorada por químicos profissionais – a droga começou a se tornar mais presente em apreensões feitas pela polícia, fora da cadeia.

Apesar de não representarem a totalidade do volume da droga sintética tirada das mãos de traficantes, os dados do departamento policial servem de termômetro para o aumento do consumo do entorpecente nas ruas de São Paulo.

Em 2019 foram apreendidos pelo Denarc somente 22 gramas da k9. No ano seguinte, quando começou a pandemia da Covid-19, não houve registros. Já em 2021, com a flexibilização do isolamento social e consequente aumento na circulação das pessoas nas ruas, foram apreendidos 5,6 quilos. Em 2022, as apreensões subiram para 51 quilos, um aumento de 810% em relação ao ano anterior. Neste ano, até o momento, foram apreendidos 17,4 quilos da droga.

 

A alta de apreensões, segundo o delegado Fernando Santiago, do Denarc, resulta também do baixo valor de comercialização da k9, adquirida por R$ 5 em média. Os dados do departamento, ressaltou, não representam a totalidade das apreensões feitas pela Polícia Civil, que segundo ele “são bem maiores.”

O 6º DP (Cambuci), por exemplo, apreendeu cerca de 30 quilos de k9, em uma única ocorrência, na qual encontrou um depósito de drogas, chamado por traficantes de “casa bomba”, no último dia 3, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.

 

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo não informou o total de k9 apreendido pelas delegacias do estado e capital paulista.

 

 

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