São Paulo – O diretor-presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, disse que 80 mil imóveis ainda estavam sem energia na manhã desta quinta-feira (16/11), em decorrência das chuvas que atingiram a Grande São Paulo na noite de quarta (15/11), durante audiência da CPI da Enel na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Em seu depoimento, Cotugno evitou fixar uma data para apresentar um plano de indenizações para as pessoas que ficaram até seis dias sem energia elétrica por causa do apagão iniciado no dia 3 de novembro, causado após um forte temporal. Na ocasião, 2,1 milhões de imóveis ficaram sem luz na região metropolitana.
O diretor-presidente da empresa, cidadão italiano que fala português com sotaque, começou a audiência tentando esclarecer um mal-entendido. Ele se desculpou pelos transtornos causados pelo apagão do dia 3 de novembro e disse que, quando deu uma entrevista há duas semanas, na qual afirmou que “não era para nos desculparmos”, atribuiu a fala a uma tradução equivocada.
“Infelizmente, a palavra italiana para desculpar é ‘dar elementos para tirar a culpa de si’. Então, usei essa palavra com uma má tradução, para falar ‘eu não quero evitar responsabilidade'”. Cotugno disse que, só no dia seguinte, explicaram-lhe de que forma a frase foi entendida.
Feito o esclarecimento e renovado o pedido de desculpa, o diretor-presidente afirmou que a empresa reforçou o número de funcionários nas ruas — agora há 652 equipes em trabalho —, mas disse que 290 mil imóveis ficaram sem energia por causa da chuva desta quarta-feira (15/11).
“Reduzimos hoje para 80 mil (imóveis). E, no fim do dia e começo da noite, normalizamos tudo”, prometeu.
Indenizações
Os deputados estaduais passaram parte da sessão pressionando o presidente da Enel para que a empresa apresentasse um plano de indenização para as pessoas que tiveram prejuízos com o apagão, como perda de equipamentos, de comida e medicamentos.
A empresa já havia citado, em reunião com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na semana passada, que elaboraria um plano.
“Quando falei ’em breve’, era de verdade em breve. Será prioridade da empresa elaborar e definir esse plano. Se falasse agora que é em três dias, ou em quatro, ou em um, poderia não ser correto e honesto com vocês. A gente está só avaliando diferentes opções”, afirmou.
Cotugno disse que a Enel deverá ter uma reunião para tratar do tema com o Procon, órgão de defesa do consumidor, em uma reunião na tarde desta quinta-feira.
Os deputados fizeram críticas à palavra “em breve” e passaram a pressionar o executivo. Depois que eles disseram que haverá uma nova audiência da CPI no próximo dia 28 de novembro, Cotugno disse acreditar que, até esta data, o plano estará definido. Os deputados tomaram a data como um prazo dado pelo executivo.
“Tenho praticamente total certeza de que será antes do dia 28. Não estou tentando não ser claro com a data para jogar a bola no futuro”, afirmou.
Apagões recorrentes
Ainda no depoimento, Cotugno classificou como “normal” a chuva dessa quarta, mesmo com os quase 300 mil atingidos pela falta de luz. Ele afirmou ainda que, em casos assim, o fornecimento é restabelecido em 24 horas. “O evento do dia 3 foi fora da curva, e aí estamos tentando fazer mais, entender melhor quais são as medidas para mitigar esses eventos extraordinários.”