São Paulo – O deputado federal Felipe Becari (União-SP) não apareceu para prestar depoimento, na tarde desta quinta-feira (18/5), no inquérito que o investiga por crimes de peculato (apropriação de dinheiro ou bens por funcionário público) e estelionato.
Na semana passada, o advogado Carlos Bobadilla, que representa o deputado, havia se comprometido a apresentar Becari às 15h, no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), no centro da capital paulista.
Policiais que trabalham no DPPC confirmaram que o deputado não compareceu no horário previsto. Becari e Bobdailla foram procurados pela reportagem, mas não responderam até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.
O parlamentar foi acusado em denúncia anônima feita ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) de usar a estrutura do seu gabinete para se promover com ações de resgate a animais, pedir doações por Pix para seu instituto sem prestar contas e promover sorteios de prêmios irregulares em troca de contribuições.
Suspeita de enriquecimento ilícito
A denúncia, obtida pelo Metrópoles, aponta ainda a suspeita de enriquecimento ilícito de Becari, cujo patrimônio declarado saltou de R$ 64 mil em 2020, quando ele se elegeu vereador da capital paulista, para R$ 663,5 mil dois anos depois, quando ele se candidatou a deputado federal.
Registro em cartório de imóveis mostra que, em julho de 2021, o então vereador comprou uma casa por R$ 2,2 milhões em Interlagos, na zona sul de São Paulo.
As suspeitas levantadas pelo denunciante envolvem ainda uma suposta “vida de luxo” que o deputado esbanjaria ao lado da noiva, a atriz e ex-BBB Carla Diaz, incluindo uma viagem para a Itália e um anel de noivado da marca Tiffany&Co que teria custado R$ 38,4 mil.
Felipe Becari tem 36 anos, é policial civil e se projetou nas redes sociais como protetor dos animais, publicando vídeos nos quais aparece resgatando cães vítimas de maus-tratos. Em 2020, foi eleito vereador pelo PSD e, no ano passado, elegeu-se deputado federal pela primeira vez. Nesse período, assumiu uma ONG ligada à causa animal que hoje leva seu nome.
“Notícias falsas”
Após a investigação vir a público, o deputado publicou uma nota dizendo que “tem sido alvo de notícias completamente falsas e de cunho categoricamente criminoso disseminadas nas redes sociais e que vêm sendo comunicadas às autoridades com o único objetivo de prejudicá-lo e atingir sua imagem”.
Na ocasião, o deputado disse que “tem colaborado ativamente com as autoridades para o restabelecimento da verdade” e que “ajuizou queixa-crime” e “requereu abertura de uma investigação” para apurar a “prática do crime de perseguição” que diz estar sofrendo.
Também em ocasião anterior, Bobadilla afirmou que a denúncia anônima é “mentirosa” e de “cunho categoricamente criminoso” e que não apresenta nenhuma prova contra o deputado.