São Paulo — Mesmo com o recuo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em levar o fluxo da Cracolândia para o Bom Retiro, no centro da capital paulista, a Associação Brasileira dos Coreanos e o Conselho de Segurança (Conseg) do bairro decidiram manter o protesto nesta quinta-feira (20/7). A falta de diálogo com os moradores foi a principal crítica da manifestação.
Presidente da Associação Brasileira dos Coreanos, Augusto Kwon diz que foi pego de surpresa e ficou sabendo da intenção de Tarcísio pela imprensa. “Fiquei assustado e estarrecido, porque não havia uma clareza de informação”, afirma. “Também notamos a deficiência sobre laudos, impactos na vizinhança, desse ato.”
Para Kwon, também faltou dizer quais seriam as contrapartidas para o bairro, caso a ideia fosse levada em frente. Segundo o presidente da associação, a ação foi imediata a partir do momento em que tomaram conhecimento da intenção do governador.
“Juntamente com o Conseg Bom Retiro, nós fizemos um manifesto e uma lista com abaixo-assinado. Contamos com mais de 16 mil assinaturas, o que demonstra quase unanimidade do bom-retirense contra a transferência”, afirma.
Kwon diz que várias questões influenciam o local onde o fluxo se instala e que isso não depende apenas das ações das autoridades. Ele pede mais conversa sobre o tema. “Queria que o governo, seja estadual ou municipal, dialogasse com as comunidades locais antes de qualquer decisão, até porque são as comunidades que sofrem os impactos”, afirma.
Mesmo sem a presença do fluxo no bairro, Kwon diz notar os efeitos sobre o Bom Retiro, que é vizinho à Cracolândia. “Realmente, é uma situação de tristeza. São pessoas que estão na rua nesses dias de frio, precisando de amparo, seja particular ou de governo”, diz. “Gostaria que tivesse uma ação estruturada, não, digamos, de pouca duração.”
