São Paulo – Nomeado secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, deverá contar com R$ 1,8 bilhão em caixa para distribuir a prefeituras e entidades dos 645 municípios paulistas neste ano.
Este é o montante destinado a ações de articulação municipal, parcerias e convênios que estava alocado no orçamento da Secretaria de Desenvolvimento Regional, aprovado em dezembro do ano passado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
A secretaria foi extinta por meio de um decreto publicado por Tarcísio no último domingo (1º/1), horas após a posse, que fez uma série de mudanças nas estruturas do primeiro escalão do governo.
Os convênios com as prefeituras são um poderoso instrumento político que facilita alianças eleitorais e fortalece grupos partidários. No governo tucano de João Doria e Rodrigo Garcia, essa função foi exercida pelo ex-secretário e presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi. Na última eleição, mais de 500 prefeitos apoiaram a candidatura aitura à reeleição de Garcia, que perdeu no primeiro turno.
Parte das atribuições da extinta pasta de Desenvolvimento Regional foi transferida para a Secretaria de Governo de Kassab, que acumulou a articulação com as prefeituras paulistas, os deputados estaduais da Alesp, as outras administrações estaduais, o governo federal e o Congresso.
Articulação política
Tarcísio indicou Kassab para o posto justamente por causa da reconhecida habilidade política do ex-prefeito da capital e ex-ministro dos governos Dilma Rousseff e Michel Temer. Criado por Kassab em 2011, o PSD integra tanto o governo Tarcísio, que foi lançado candidato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em São Paulo, Kassab foi o principal apoiador do projeto eleitoral de Tarcísio e indicou o atual vice-governador, Felício Ramuth, para compor a chapa. Além de Kassab, outros quatro secretários nomeados pelo novo governador são ligados ao PSD.
Caixa turbinado
O orçamento de Kassab destinado a parcerias e convênios recebeu uma injeção de recursos no orçamento deste ano. No ano passado, as ações para articulações com as prefeituras tiveram pouco menos de R$ 1,1 bilhão no orçamento, quando o titular era o tucano Marco Vinholi. No fim do ano, a pasta acabou gastando um pouco mais — R$ 1,4 bilhão –, ainda assim, um valor inferior ao R$ 1,8 bilhão previstos agora.
Esta liberação de recursos é tida como crucial para garantir não apenas o apoio político de prefeitos ao governador como atrair novas filiações partidárias. Kassab pretende aproveitar a oportunidade para filiar uma leva de prefeitos ao PSD, de olho nas eleições municipais de 2024.
Além do recurso extra, a secretaria de Kassab também recebeu quatro subsecretarias, que ficarão com o corpo técnico e os cargos comissionados (de indicação política), sob o guarda-chuva do presidente do PSD e homem-forte do governo Tarcísio.
Obrigado, governador @tarcisiogdf, pela confiança. Trabalharei na Secretaria de Governo para auxiliar no desenvolvimento dos projetos da gestão, nas interlocuções políticas e institucionais pertinentes à pasta e p/ apoiar nosso governador a transformar SP num Estado ainda melhor. pic.twitter.com/S1hv4L4uMk
— Gilberto Kassab (@gilbertokassab) November 30, 2022
Da pasta de Desenvolvimento Regional, Kassab recebeu as subsecretarias de Relacionamento com Municípios e de Convênios com Municípios e Entidades não Governamentais.
Da secretaria da Casa Civil, que na gestão anterior também tinha a função de interlocução com o mundo político, Kassab herdou as subsecretarias de Assuntos Estratégicos e de Articulação Política.
A Casa Civil de Tarcísio foi assumida por Arthur Lima, advogado que presidiu a estatal federal Empresa de Planejamento e Logística (EPL) na gestão do ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, tido como braço-direito do governador. A pasta terá a função de acompanhar a execução de ações e programas da máquina estadual.
