São Paulo – Os coaches que alugaram uma mansão no Morumbi, na zona sul de São Paulo, para uma festa em que as mulheres convidadas teriam servido como “cobaias” de um curso de conquista informaram ao proprietário do imóvel que fariam apenas um churrasco entre amigos.
A festa ocorreu no dia 26 de fevereiro e contou com a presença de dezenas de pessoas, incluindo vários estrangeiros. Após denúncias de exploração sexual, o evento acabou virando alvo de investigação da Polícia Civil.
Segundo relatos feitos à polícia, a festa foi organizada por dois coaches do grupo americano Millionaire Social Circle (MSC), que promove cursos de conquista para homens ricos em diferentes países.
Eles estiveram em São Paulo, para a “etapa brasileira” do programa, entre os dias 14 e 28 de fevereiro. Ambos são alvos de inquérito policial que apura possível crime de exploração sexual mediante fraude.
O próprio MSC chegou a publicar em seu canal no Youtube vídeos da festa, mas o conteúdo foi apagado após a abertura do inquérito.
O contrato de locação foi assinado pelo chinês Ke Ziqiang, conhecido como Mike Pickupalpha, e pelo brasileiro Fabrício Castro, que também se apresenta como coach de relacionamentos pelas redes sociais.
Mike é o responsável pelo curso, ao lado do americano Steve Mapel, conhecido pelo pseudômino de David Bond. Os dois estrangeiros estão sendo investigados.
O brasileiro alega que apenas ajudou Mike, que é seu amigo, a achar e alugar um local para a festa. Ele afirma não ter qualquer vínculo com o “treinamento” oferecido pela dupla e que o evento também não teria relação com o curso.
De acordo com o advogado do proprietário da mansão, Fabrício e Mike não mencionaram o referido curso quando fizeram o contato para alugar a casa e disseram que o espaço serviria apenas para um churrasco entre amigos, com cerca de 15 pessoas.
Reuniões de família
“Eles falaram para gente que seria para um churrasco, de 10 a 15 pessoas. Em momento algum foi mencionado esse curso e muito menos que teria uma festa para colocar a prática o curso. Se tivessem nos falado isso, nós nem alugaríamos, porque o intuito do imóvel é alugar apenas para reuniões de família, confraternizações de empresa. No máximo, aniversário de 15 anos”, afirmou ao Metrópoles o advogado Guilherme Oliveira Siqueira.
Segundo ele, o proprietário da casa deve mover uma ação judicial contra os organizadores após a finalização do inquérito policial. O advogado afirma que, além de não terem mencionado a realização de uma festa, outros pontos do contrato de locação foram violados, como o horário limite e os espaços que poderiam ser utilizados.
Tanto o proprietário da mansão como a empresa que administra o imóvel já foram ouvidos pela Polícia Civil na condição de testemunhas. Foram fornecidas as imagens das câmeras do local, além dos diálogos com os coaches.
A polícia segue ouvindo outras testemunhas, incluindo as possíveis vítimas. A investigação também busca ouvir os dois coaches estrangeiros.
O que dizem os acusados
Os organizadores do curso de conquista alegam que as pessoas que estavam na festa na mansão do Morumbi eram adultas e “que escolheram estar lá por livre e espontânea vontade”.
David Bond e Mike Pickupalpha também gravaram uma live pelo Instagram na qual dizem que sofreram cancelamento no Brasil e que estão sendo acusados falsamente de turismo sexual. Ele ainda chamou as mulheres que denunciaram o caso de “feministas” e “estúpidas”.
Procurado pelo Metrópoles pelas redes sociais, o MSC enviou uma mensagem dizendo que o “programa” envolve “palestras”, “sessões de fotos” e “eventos sociais” e que “tudo foi 100% consensual”.
