Buffet infantil deixa famílias sem festa e donas não devolvem dinheiro

Donas de buffet também são rés em processo de estelionato no qual são denunciadas por aplicar golpe de R$ 75 mil na venda de uma sociedade

atualizado 14/11/2023 14:02

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Em foto colorida homem fantasiado de Mickey Mouse cobre os olhos da máscara com ambas as mãos - Metrópoles Reprodução/Instagram

São Paulo — A expectativa para comemorar os aniversários de seus filhos converteu-se em frustração para dezenas de famílias que contrataram os serviços do Buffet Bora Brincar, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Até o momento, ao menos 12 pessoas afirmam terem sido lesadas pela empresa.

Alegando falência, a empresa deixou de responder aos apelos dos clientes na sexta-feira (10/11), quando comunicou que todas as festas, já pagas, estavam canceladas. Procurados pelo Metrópoles, os responsáveis pelo Buffet não haviam se posicionado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Uma das responsáveis pelo buffet, Mariana Ambrozio de Marcos, de 26 anos, é ré em um processo de estelionato junto com a mãe, Edielci Aparecida Ambrozio Cavalcante. Segundo registros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), ambas venderam por R$ 75 mil uma sociedade de um buffet em Osasco, na Grande São Paulo, da qual não eram donas. O processo segue suspenso, desde agosto de 2019, pelo “sumiço” das rés.

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Buffet diz que vai reembolsar vítimas "de acordo com a disponibilidade financeira da empresa"

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Empresa compartilhou na internet nota sobre falência, apesar de CNPJ continuar ativo

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Buffet anunciou falência nas redes sociais, precedida da palavra "luto"

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Falência e silêncio

Em maio deste ano, a autônoma Andressa de Cássia Pessoa Silva, de 32 anos, e o marido contrataram por R$ 2.100 uma festa para 65 pessoas, em comemoração aos 4 anos da filha, no próximo dia 26/11. Na última sexta, eles foram pegos de surpresa com o comunicado da falência do buffet.

“Minha filha a todo momento fica me perguntando sobre quais pessoas podem ir no aniversário dela. Mas não vai ter mais [festa]. Não falamos ainda para ela que foi cancelado, por causa do calote que levamos”, afirma Andressa ao Metrópoles. Até o momento, ela não recebeu nenhuma resposta da empresa. Ninguém atende os telefonemas ou responde as mensagens.

O prejuízo, acrescentou, também foi reforçado por causa de roupas, calçados, acessórios, doces personalizados e lembrancinhas já adquiridos para a festa.

Após anunciar falência na sexta-feira, por meio de uma rede social, o Buffet Bora Brincar indicou um e-mail pelo qual os clientes deveriam enviar nome, dados bancários e pessoais, para viabilizar o reembolso dos valores “de acordo com a disponibilidade financeira da empresa”.

Nenhum posicionamento ainda foi encaminhado aos clientes lesados.

“Minha filha chorou”

A recepcionista Thaís Albuquerque Barbosa, de 25 anos, também acreditava que iria comemorar os 4 anos da filha, no próximo dia 19/11. Ela pagou com seis meses de antecedência, à vista, os R$ 2.100 exigidos pelo buffet para realizar uma festa temática da Branca de Neve.

Thaís, porém, já ficou alerta quando, há cerca de duas semanas, uma amiga lhe afirmou que uma festa contratada junto ao buffet havia sido cancelada, sem nenhum explicação plausível.

“No mesmo dia mandei mensagem, pedindo reembolso, caso fossem cancelar a minha festa. Mas me disseram que estava tudo ok. Mas dias depois, eles divulgaram a falência, informando que não iria ter festa”.

“Quando falei para minha filha que não iria mais ter festa, que iremos ter que fazer em casa, sem os amiguinhos dela, para poucas pessoas, minha filha chorou. Cortou meu coração”.

A recepcionista também tentou ligar e mandar mensagens à empresa, sem sucesso. O e-mail solicitando o reembolso também não foi respondido. “A impressão que dá é que pegaram o dinheiro e fugiram”.

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Empresa compartilhava festas realizadas em uma de suas redes sociais

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Buffet anunciou promoções de festas no fim de outubro

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Empresa já estava devendo para fornecedores, alegando não ter dinheiro, apesar de receber à vista de clientes com antecedência

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Buffet realizou festas antes de anunciar falência e sumir com dinheiro de clientes

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Prejuízo psicológico

A analista de distribuição Fernanda dos Santos Silva, de 23 anos, afirmou ter desmaiado no serviço logo após ser informada que a festa de um ano do filho havia sido cancelada, a 14 dias da celebração, no próximo dia 24/11.

“Simplesmente cancelaram, como se não fosse nada, sem previsão de pagamento [de reembolso]. Meu filho não fará 1 ano para sempre”.

Fernanda pagou R$ 4.500 à vista, para uma festa de forte valor simbólico para ela e toda a família, por ser o primeiro aniversário de seu primeiro filho.

“Ninguém imaginava que iriam fazer isso, agir de má fé, porque 12 dias antes da falência, eles estavam me vendendo coisas adicionais. Provavelmente, sabiam que iriam anunciar a tal falência e, mesmo assim, foram acumulando mais dinheiro [das vítimas]”.

O Metrópoles apurou que a última promoção compartilhada pelo buffet ocorreu em 25 de outubro, na internet, com valores entre R$ 2,5 mil e R$ 4,2 mil. Quatro dias depois, a empresa compartilhou fotos de uma festa e, 12 dias depois, o comunicado sobre a “falência”.

“Mandei convites para 90 convidados e depois precisei avisar que está tudo cancelado. Tudo isso vai muito além do desgaste financeiro, o prejuízo pegou mais no lado psicológico”.

A vendedora Helen Victoria dos Santos de Araújo, de 21 anos, também viu ruir o sonho de comemorar o primeiro ano de seu filho com toda a família. Ela também pagou à vista pela festa, que lhe custou R$ 2.050, e diz que vai acionar a polícia para investigar o caso.

“Bolo” nos pagamentos

A boleira Vanessa Aparecida de Freiras Silva, de 34 anos, é um dos diversos colaboradores que afirmam aguardar pagamento do Buffet Bora Brincar. Antes de sumir com o dinheiro dos clientes, a empresa já deixava fornecedores na mão.

Vanessa afirmou que os responsáveis pelo buffet costumavam pagar pelos seus serviços de confeitaria, somente após a entrega dos quitutes. Com o tempo, foram deixando de honrar os pagamentos, até a dívida chegar a R$ 6,5 mil. Quando ela ameaçou não fazer mais bolos, acertaram parte da dívida, que caiu para R$ 4,5 mil.

“Aí, eles voltaram a encomendar bolos, mas eu só fazia se pagassem antecipadamente. Fiz uns seis ou sete fins de semana de entregas para eles, mas nunca falavam da dívida de R$ 4,5 mil”.

Vanessa decidiu não prestar mais serviços para a empresa. Ela também não consegue, assim como os clientes,  conversar com os responsáveis pelo buffet, para receber o que lhe é devido. A boleira afirmou saber de colaboradores para os quais a empresa deve R$ 8 mil.

Além de Vanessa, o Metrópoles apurou que os equipamentos eletrônicos de outro prestador de serviços estão dentro do imóvel do buffet, em Taboão da Serra, e ele não consegue recuperá-los.

Ele se uniu a outras vítimas do buffet, que criaram um grupo de WhatsApp em busca de outras vítimas para fortalecer a acusação contra o estabelecimento na Grande São Paulo.

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