São Paulo — O número de animais resgatados nas rodovias paulistas sob concessão mais que dobrou no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período de 2022. Quem vai pegar a estrada nas férias deve ter atenção quando notar um bichinho na pista.
Segundo a Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), foram recolhidos 3.118 animais de janeiro a junho, ante 1.458 de igual período do ano passado — aumento de 113%.
Com relação aos atropelamentos, os dados mais recentes são de 2022. No ano passado inteiro, as concessionárias registraram 7.689 casos. Ou seja, 21 por dia, em média.
As férias são um convite a pegar a estrada e, não raro, o motorista se depara com um animal cruzando a pista. Em muitos casos, o atropelamento é inevitável e o bichinho acaba por morrer.
Quando escapa com vida, porém, o animal pode receber cuidados veterinários providenciados pelas concessionárias e até mesmo ganhar um lar, se for doméstico, depois de recuperado. Já os selvagens são encaminhados para lugares autorizados a realizar o manejo.
Responsável pelas rodovias que levam à Baixada Santista e ao litoral sul de São Paulo, como o sistema Anchieta-Imigrantes, a Ecovias registrou 352 atropelamentos de animais somente no primeiro semestre deste ano. A estatística é ainda mais sinistra porque, entre os atropelados, apenas 10 foram resgatados com vida.
Já na Ecopistas, que cuida das rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto, caminho de boa parte dos paulistanos às praias do litoral norte, os números são ainda mais críticos. Foram 464 animais atropelados, dos quais só 4 sobreviveram.
Na Arteris, que tem as rodovias Fernão Dias e Regis Bittencourt entre aquelas sob sua concessão, foram 48 animais domésticos e 8 silvestres recolhidos neste ano.
Final feliz
No dia 1º, uma cachorrinha foi atropelada na Rodovia Raposo Tavares, em Araçoiaba da Serra (SP). Mas contou com a sorte de o bombeiro Alex Fachini cruzar o seu caminho e providenciar o resgate.
A cadelinha foi levada a uma clínica veterinária contratada pela concessionária CCR, onde passou por cirurgia e recebeu um fixador externo na pata direita.
⏯️Bombeiro resgata cachorrinha atropelada em rodovia de SP. pic.twitter.com/ddTCdmuriM
— Metrópoles (@Metropoles) July 1, 2023
Ainda em recuperação, mas com quadro estável, a cachorrinha que driblou a mortalidade das estradas deverá voltar para casa em breve. “Foi identificada a tutora, que apresentou à clínica todos os documentos comprobatórios, e deverá ir até ao local na próxima terça-feira [11/7] retirar o animal”, afirma a CCR, em nota.
Responsável pelas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco, a CCR ViaOeste afirma que conseguiu resgatar 71 animais domésticos com vida de janeiro a junho deste ano.
Responsabilidade
Vale ressaltar que a responsabilidade de impedir que o animal invada a estrada é do tutor, e as concessionárias se valem do artigo 936 do Código Civil ao apontar essa questão. Além disso, soltar animais em rodovias é uma contravenção penal e pode levar à pena de 10 a 60 dias prisão, segundo o artigo 31, do decreto lei 3688/1941.
A Artesp afirma que as concessionárias têm programas para preservação da fauna e que são realizados investimentos no monitoramento das rodovias com câmeras.
A agência diz, ainda, que as concessionárias implantam barreiras e instalam placas em trechos com maior incidência de animais, além de realizarem campanhas educativas.
Dicas ao ver um animal na pista
- Reduza a velocidade
- Caso haja necessidade de mudar de faixa, sinalize e, se possível, passe por trás do animal
- Não buzine
- Nunca pare sobre a via
- Caso atropele ou se depare com animal atropelado, entre em contato com o número de emergência da concessionária
- Ao levar pets, certifique-se que estão em caixas próprias para transporte ou com cinto de segurança
- Em mão dupla, dê farol para o carro que vem na direção contrária
