São Paulo – Antes de ter o carro que dirigia arrastado por uma enchente e morrer na quarta-feira (8/3), Nayde Pereira Cappellano, 88 anos, comprou presentes para os bisnetos.
Os mimos não estavam no veículo arrastado pela água na rua Gaivota, em Moema, na zona sul de São Paulo. A idosa os havia deixado em casa na hora do almoço.
“Meu filho ganhou um dos presentes… mas depois que ela não estava mais entre nós. Ela comprou, deixou as coisas em casa, e quando foi à padaria não voltou mais. A nota fiscal dos presentes estava na bolsa dela”, disse ao Metrópoles a advogada Mariana Capellano, neta de Nayde.
O velório de Nayde será às 11h30 desta sexta (10), em um memorial de Embu das Artes. Ela deixa quatro filhos, seis netos e oito bisnetos.
Vídeos mostram tragédia
O Peugeot que ela dirigia ficou submerso por volta das 17h30 durante o temporal que atingiu a capital paulista no início da semana. Vídeos de câmeras de segurança registraram o momento em que a água arrasta o veículo.
De acordo com a neta da vítima, a idosa havia saído de casa para ir a um posto de saúde e à padaria. Ela chegou a ligar para a família avisando que havia parado em um posto de gasolina a cerca de cinco quarteirões de onde morava, para esperar a chuva passar.
O bairro de Moema é mais propenso a ter alagamentos por estar em área de várzea, com muitas nascentes e córregos.
Pedido de socorro
Vizinhos relataram que viram Nayde pedindo socorro pela janela do carro pouco antes de o veículo ser coberto pela enchente. Segundo o Corpo de Bombeiros, a morte foi constatada por volta das 18h.
O temporal com fortes ventos que atingiu a Grande São Paulo na tarde de quarta deixou ruas alagadas e provocou quedas de árvores.
Segundo a neta da vítima, vizinhos relataram que viram a idosa pedindo socorro pouco antes de a água cobrir o carro.
“Vizinhos falaram que viram ela pedindo socorro pelo vidro. De repente, a água cobriu o carro inteiro e ainda subiu mais um metro. Um moço que estava em um Volvo blindado também estava sendo levado pela correnteza; ele conseguiu se salvar saindo pela janela e agarrando na copa da árvore que estava do lado do carro da minha vó, mas nessa altura nem dava para ver mais o carro dela”, relatou.
Ainda segundo os relatos, alguns vizinhos tentaram ajudar, sem sucesso.
Avisou que estava bem
De acordo com a neta, a idosa chegou a ligar um pouco antes para a família. A senhora avisou que havia parado em um posto de gasolina para esperar a chuva passar e que estava bem.
“Ela estava até penteando o cabelo no vídeo, porque tinha tomado um pouco de chuva. Disse que estava esperando a chuva passar. Minha prima e minha tia falaram para ela não sair dali, para esperar, isso era 17h15”, contou.
Segundo a neta, Nayde era muito ativa, cuidava do jardim, fazia comida e costurava: “Ela costumava dirigir, a gente até falava que não precisava, mas ela gostava de ter a independência dela, saía uma ou duas vezes por semana para resolver alguma coisa”.
