São Paulo — Escolhido por Guilherme Boulos (PSol) para fazer a propaganda da sua campanha à Prefeitura da capital no ano que vem, o marqueteiro Lula Guimarães estreou batizando um programa que a equipe do deputado federal desenvolveu para receber reclamações da cidade que devem municiar o psolista no embate contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“Salve São Paulo”, que pode ser lido com ou sem vírgula, remete tanto a uma saudação que Boulos costuma fazer quanto a um pedido de ajuda para “salvar” a cidade, dá nome a plataforma que o deputado do Psol lançou para armazenar as queixas dos moradores da capital. Segundo ele, a partir delas é que ele pretende elaborar o plano de governo que será apresentado na campanha.
As primeiras peças publicitárias com o slogan começaram a circular na última sexta-feira (15/9), com um site feito para que pessoas enviem vídeos com suas demandas. Para Boulos, a página expande para o ambiente virtual a peregrinação nos bairros que ele vem fazendo desde o começo do mês para conversar com moradores, antecipar algumas promessas e gravar material de campanha.
Lula Guimarães será o segundo “Lula” da campanha de Boulos. O primeiro e mais importante do ponto de vista eleitoral é o presidente da República, com quem Boulos fez um acordo, ainda no ano passado, que lhe garantiu apoio do PT na eleição para prefeito — em troca, o deputado desistiu de concorrer a governador em 2022, deixando a vaga para o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que terminou derrotado.
Boulos diz que já conhecia Lula Guimarães havia anos e que os dois tinham afinidade. Além de Guimarães, que fez a vitoriosa campanha de João Doria para a Prefeitura em 2016, Boulos também sondou o publicitário Felipe Soutello, responsável pelas campanhas da ministra Simone Tebet (MDB) à Presidência da República, em 2022, e do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), em 2020.
“O Guimarães é um cara com quem tenho uma relação de longa data, relação pessoal, que tem identidade com a campanha que queremos construir”, diz Boulos ao Metrópoles. Na última semana, eles fecharam a parceria, que será bancada pelo PSol, com recursos do fundo partidário.
Apesar do apoio do primeiro Lula, que segundo o Datafolha é um cabo eleitoral melhor do que Jair Bolsonaro (PL) — o ex-presidente negocia apoio ao prefeito Ricardo Nunes —, Boulos e seu segundo Lula traçam uma campanha que deve focar mais em questões locais da cidade do que em embates ideológicos.
Boulos pretende mirar temas básicos como a falta de remédios em postos de saúde, de infraestrutura nos transportes e suspeitas de superfaturamento em obras públicas em sua campanha contra Nunes, além de explorar parcerias que pretende fazer com o governo Lula para alavancar investimentos na capital, em especial na habitação.
Mas a nacionalização da disputa, com a exploração da imagem do presidente Lula, deve ficar como munição auxiliar e ser usada de forma mais estratégica, segundo aliados de Boulos, que ainda pretendem contar com a presença do e-prefeito e ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seu palanque.
