Sem surpresas, BC mantém a taxa básica de juros em 13,75% ao ano

Taxa de juros segue no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano; reunião foi a primeira desde posse de Lula

atualizado 01/02/2023 18:57

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fachada do banco central em Brasília Igo Estrela/Metrópoles

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter os juros básicos da economia brasileira (Selic) em 13,75% ao ano. O anúncio aconteceu no início da noite desta quarta-feira (1º/2) e não surpreendeu o mercado, que já esperava a manutenção da taxa.

Em comunicado após a última reunião, em dezembro, o Copom havia informado que manteria a Selic nesse patamar pelo tempo necessário para segurar a inflação, em meio a incertezas sobre a economia do país. Segundo analistas, a tendência é a de que os juros básicos da economia brasileira comecem a ser reduzidos apenas a partir do fim do primeiro semestre deste ano.

“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários […] e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”, diz o comunicado sobre a decisão.

A Selic segue no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. É a quarta reunião consecutiva em que o Copom não altera a taxa de juros – que permanece nesse nível desde agosto do ano passado.

Antes de os juros chegarem a 13,75% ao ano, o Copom havia elevado a Selic 12 vezes seguidas, em um ciclo que teve início em março de 2021, em meio à alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis.

No comunicado, o comitê do Banco Central demonstrou preocupação especial com a falta de um arcabouço fiscal pelo novo governo do presidente Lula. Com o descumprimento do teto de gastos, principal regra de controle de despesas públicas, o país ficou sem uma âncora de disciplina orçamentária.

“A conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária.  O Comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas”, diz o BC, no documento.

Pressão do governo

A decisão do Copom sobre a taxa de juros vinha sendo muito aguardada pelo mercado financeiro e pelos agentes econômicos, em geral. Nas últimas semanas, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva preocuparam o mercado e foram interpretadas como uma tentativa de pressionar o BC para baixar os juros.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, também já se manifestaram em defesa da queda na taxa de juros.

Analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmaram que o mercado recebeu mal as falas de Lula, mas minimizaram o impacto prático do que disse o presidente. Segundo economistas, o petista quis mandar um recado ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, deixando claro que o novo governo considera muito alta a taxa Selic, o que não significa que a autonomia do BC ou o regime de metas fiscais estejam ameaçados.

Inflação

Segundo a última edição do Relatório Focus, do Banco Central (BC), divulgada na segunda-feira (30/1), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 5,74% – a projeção da semana passada era de 5,48%. Foi a sétima semana consecutiva de alta.

De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ela será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.

Os economistas ouvidos pelo BC também aumentaram a estimativa de inflação para 2024 (de 3,84% para 3,9%) e mantiveram a de 2025 (3,5%).

Em 2022, o Brasil teve inflação acumulada de 5,79%, acima do teto da meta estipulada pelo governo federal pelo segundo ano consecutivo.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.

Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que reflete nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Reunião do Copom

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia de reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia no Brasil e no mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê definem a taxa Selic.

A reunião desta semana foi a primeira do Copom desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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