Reajuste da Petrobras foi menor do que poderia, mas reduz defasagem

Petrobras promoveu seu primeiro aumento de preços no ano, pressionada por alta do petróleo no mercado internacional. Ações disparam na bolsa

atualizado 16/08/2023 9:43

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Ao realizar seu primeiro reajuste do ano em preços de gasolina e diesel, a Petrobras não usou na precificação todo o espaço disponível para subir o preço, mas o aumento ajudará a estatal a reduzir as defasagens vistas no último mês, segundo projeções.

A petroleira anunciou aumento de 16% para a gasolina (R$ 0,41 por litro) e 26% para o diesel (R$ 0,78 por litro), em valores que entram em vigor a partir de quarta-feira (16/8).

Com a mudança, cálculos da empresa de inteligência de mercado Argus apontam que a defasagem em relação ao preço de importação para a gasolina caiu de 24% para 11%.

No diesel, a defasagem saiu de 27% para 7%. O cálculo usa como parâmetro o preço efetivamente praticado na véspera, no porto de Itaqui, na entrega em 30 dias.

A Petrobras vinha sendo pressionada a reajustar os preços diante da alta do barril de petróleo no mercado internacional. Além disso, importadores argumentavam que poderia haver falta de combustível no mercado interno.

“O reajuste da Petrobras atende parcialmente aos pedidos dos importadores, reduzindo o descompasso entre as cotações da companhia e o custo de aquisição dos agentes privados”, disse, em nota, Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus.

Boutin afirmou que importadores ainda possuem estoques para abastecer demandas “fora do sistema Petrobras”, embora a preços mais altos. “Desde que o comprador esteja disposto a pagar o preço de aquisição no mercado internacional.”

A Petrobras mudou sua política de preços em maio e deixou de seguir automaticamente o preço dos importadores (o chamado PPI, de paridade de importação). O modelo era usado desde o governo Michel Temer, em 2016.

A estatal diz que a sua nova precificação segue acompanhando os preços internacionais, mas que evita repassar imediatamente a volatilidade externa. A Petrobras também tem dito que leva em conta diferenciais competitivos, ao produzir parte dos combustíveis em refinarias locais em vez de importá-los, o que reduziria custos dolarizados e gastos com frete.

Novo modelo de preços da Petrobras

Observando o comportamento desde maio, analistas acreditam que a Petrobras tem optado por não vender combustível muito acima de seu custo marginal (o preço mínimo suficiente para cobrir os custos de produção), próximo a uma “paridade de exportação”.

Mas, mesmo por esse parâmetro, projetava-se que a estatal estaria abaixo do seu limite nas últimas semanas, o que fez aumentar as pressões por um reajuste – diante de temores de que a estatal passasse a subsidiar largamente os combustíveis, como ocorreu no governo Dilma Rousseff.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou neste mês que a empresa “não está deixando dinheiro na mesa” ao definir os seus preços.

Diretores também negaram em conferência com investidores que a paridade de exportação seja sua fórmula exata para o custo, mas analistas têm usado a métrica como um horizonte, uma vez que a Petrobras não divulga os detalhes da precificação.

Para o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), os reajustes realizados hoje aproximam a Petrobras do preço no antigo PPI, mas também “se alinham à nova política comercial”, ao considerar “parâmetros para formação do preço da companhia para além do preço de paridade de importação”.

O Ineep afirma que, mesmo com a nova política, o parque de refino brasileiro necessita de importações para abastecer o mercado interno. “Isso pressiona para que os preços internos não se afastem muito dos preços do mercado internacional”, diz a nota.

Com os reajustes, o Ineep estima que a defasagem média cairá para em torno de 2% para a gasolina e 3% para o diesel. O cálculo toma como base os preços de paridade de importação há dez dias, os últimos compilados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), que leva em conta outros portos, além de Itaqui.

Ações da Petrobras sobem na bolsa

Embora a Petrobras não tenha usado toda a margem de alta possível, o reajuste anunciado nesta terça-feira animou os mercados e fez a ação da petroleira disparar na bolsa.

“A decisão foi vista com um viés positivo para as ações”, disse, em nota, Heitor De Nicola, especialista em renda variável da Acqua Vero Investimentos.

As ações da Petrobras chegaram a subir quase 5% na abertura do pregão, embora tenham perdido força e operassem em alta perto de 2% às 15h.

O analista calcula que o reajuste deve significar “algo em torno de 6% ou 7%” no fluxo de caixa livre da Petrobras, usado para calcular os dividendos pagos a acionistas.

Na semana passada, antes da notícia do aumento de preços, analistas do UBS BB já haviam alterado de “negativa” para “neutra” a recomendação para a ação da Petrobras. Em relatório a clientes, os analistas afirmaram que a gestão da estatal “tem mostrado ser mais pragmática do que o que imaginamos inicialmente” e que a política de precificação “manteve alguma referência com os preços internacionais”.

O UBS BB pontuou que dúvidas sobre os preços e um “histórico negativo de interferência externa” do governo na petroleira seguiam sendo pontos de cautela, mas que a ação da Petrobras estava descontada em relação ao resto do setor.

As perspectivas de dividendos também impactaram na avaliação, assim como os baixos custos de produção e ativos de primeira classe da Petrobras no mercado global, segundo os analistas.

Agora, a leitura nos mercados é que o reajuste desta terça-feira ajuda a reforçar as ações, proporcionando alguma paridade com preços internacionais e importadores. “Por isso vemos uma resposta positiva nas ações, mas temos que ver como isso vai seguir ao longo dos dias”, diz De Nicola, da Acqua Vero.

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