O estranho movimento de David Vélez, o CEO do Nubank

Banco divulgou lucro inédito e, no dia seguinte, cofundador vendeu 25 milhões de ações. Resultado: preço dos papéis despencou na Bolsa

atualizado 18/08/2023 8:49

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imagem colorida CEO Nubank David Vélez - Metrópoles Divulgação/Nubank

A semana começou positiva para o Nubank. Na terça-feira (15/8), o banco digital divulgou um dos melhores balanços de sua história. No segundo trimestre de 2023, registrou lucro líquido de US$ 224,5 milhões (R$ 1,1 bilhão). Com isso, reverteu um prejuízo de US$ 29,9 milhões (R$ 150 milhões), anotado no mesmo período de 2022.

No dia seguinte, quarta-feira (16/8), David Vélez, o CEO e cofundador da fintech, vendeu 25 milhões em ações da empresa. Com o negócio, levantou US$ 191 milhões (R$ 955 milhões, na cotação atual, valor pouco abaixo do lucro líquido). O mercado, porém, não só não entendeu como não gostou do movimento. Os papéis do Nubank caíram 3,41%, em Nova York (NYSE). Na quinta-feira (17/8), a queda prosseguiu, com recuo de quase 6%, mas que chegou a atingir 8,6%.

De acordo com o banco, a venda das ações foi “motivada por fins de planejamento patrimonial e para dar suporte às atividades filantrópicas de Vélez”. Os 25 milhões de ações, segundo o Nubank, representam 3% dos papéis que o CEO detém  e 0,5% do capital total da empresa.

O problema é que, na avaliação de analistas de ações, como Carlos André Vieira, do TC,  plataforma de assessoria a investidores, sempre que o controlador (ou um alto executivo) de uma companhia vende ações nessas proporções, isso passa uma “perspectiva negativa para o mercado”.

“Eu não queria”

Ao comentar a venda, disse Vélez à Bloomberg: “Eu não queria fazer isso até que no Nubank pudéssemos tirar muitas dúvidas importantes como: Será que dá para ganhar dinheiro? Pode continuar crescendo? E os últimos três trimestres foram fenomenais. Portanto, agora estou tirando 3% das fichas da mesa para começar a aumentar o investimento no outro lado da grande missão que nos impulsiona hoje”. A questão é que atividades filantrópicas talvez não sejam uma “grande missão” para os investidores que compraram ações do banco e viram o preço delas cair, ainda que momentaneamente.

Com a esposa, Mariel Reyes, David Vélez mantém uma fundação voltada para educação e liderança. De acordo com a revista Forbes, a fortuna da família é estimada em US$ 7,6 bilhões.

Encostando nos “bancões”

Apesar da venda inesperada das ações por Vélez, o analista Viera observa que alguns números do balanço fazem com que o banco digital encoste, em termos de desempenho, nos “bancões” nacionais. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), um importante indicador de rentabilidade, enquadra-se nesse caso. Ele registrou um avanço inédito. “E esse número sempre foi muito baixo no caso Nubank”, diz Vieira.

No segundo trimestre de 2023, o índice ficou em 16,5%. Há um ano, era negativo em 2,3%. “Ou seja, houve um avanço de 18,8 pontos percentuais”, afirma o analista. “Esse foi um dos melhores resultados registrados entre os bancos privados brasileiros. Superou, por exemplo, o desempenho nesse quesito do Bradesco (11,1%) e do Santander (11,2%)”.

O principal condutor dos bons números do Nubank, observa Vieira, foi o aumento da cobrança de juros. Ele veio com o crescimento das receitas com cartão de crédito e empréstimos. Em um ano, elas aumentaram de R$ 52,9 bilhões para R$ 57,6 bilhões, num salto de R$ 4,7 bilhões, portanto.

Aumento da clientela

O banco, acrescenta Viera, adicionou 4,6 milhões de clientes no segundo trimestre de 2023 e 18,4 milhões em um ano, totalizando 79,4 milhões no Brasil e 83,7 milhões somadas as operações no México e na Colômbia. “O Nubank caminha para se consolidar como o terceiro maior banco brasileiro em número de clientes, ultrapassando o Itaú Unibanco (com 100 milhões)”, diz o analista do TC. Nesse ranking, a Caixa ocupa a primeira posição, com 150,4 milhões, e o Bradesco, com 104,5 milhões, o segundo lugar.

O ponto de atenção do balanço, nota Viera, ficar por conta da inadimplência. Ela é medida com base no percentual de parcelas em atraso em relação à carteira de crédito. No Nubank, passou de 5,5%, no primeiro trimestre deste ano, para 5,9%, no segundo.

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