Na CPI, auditorias rebatem Americanas e afastam tese de “conluio”

Representantes das empresas de auditoria KPMG e PwC prestaram depoimento à CPI da Americanas e negaram envolvimento em suposta fraude

atualizado 02/08/2023 16:21

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Na primeira sessão da CPI da Americanas após a retomada dos trabalhos legislativos, na terça-feira (1º/8), representantes das empresas de auditoria KPMG e PwC rebateram a versão do atual CEO da varejista, Leonardo Coelho Pereira, que levantou a possibilidade de que pode ter havido um conluio entre os auditores e a antiga diretoria da empresa.

KPMG e PwC prestaram serviços à Americanas e não detectaram um rombo contábil bilionário nos balanços da varejista, que veio à tona no início deste ano. Recentemente, a nova direção da empresa passou a se referir ao episódio como “fraude”.

A Americanas está em recuperação judicial e negocia um plano de pagamento a credores – muitos dos quais insatisfeitos com os termos apresentados.

Aos integrantes da CPI, a sócia da KPMG, Carla Bellangero, afirmou que foram identificadas deficiências em controles internos da Americanas e que isso teria sido reportado aos órgãos administrativos, como comitês de auditoria, fiscal e a própria diretoria.

Segundo Bellangero, as deficiências não foram consideradas significativas naquele momento.

“Eu mesma estive em 50 reuniões com o Conselho Fiscal e o Comitê de Auditoria da B2W. Foram reuniões de 2016 a 2019. O CEO era o membro do conselho de administração da Americanas na época e foram informados de deficiências em controles internos”, disse Bellangero.

Representante da PwC, Fábio Cajazera Mendes também rebateu as afirmações do CEO da Americanas à CPI e negou que as empresas de auditorias tivessem alterado informações das cartas de recomendação para encobrir a suposta fraude.

De acordo com Mendes, as informações de Coelho foram tiradas de contexto durante seu depoimento à comissão.

Bellangero e Mendes compareceram à CPI na condição de testemunhas – para fornecer informações sobre a suposta fraude em contratos e balanços financeiros da Americanas.

Instituto de auditoria diz que empresas não têm capacidade de identificar fraudes

No mesmo dia do depoimento dos representantes da KPMG e da PwC à CPI da Americanas, o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) divulgou uma nota na qual afirma que as empresas de auditoria não têm condições técnicas de identificar supostas fraudes em balanços financeiros.

Segundo a Ibracon, a função de uma auditoria independente é checar números e documentos apresentados pela empresa auditada e dizer se as demonstrações contábeis foram feitas adequadamente pela administração, seguindo as normas de contabilidade e refletindo a realidade financeira e patrimonial em um determinado período.

“No debate sobre fraudes contábeis de uma empresa, deve-se esclarecer os papéis de cada parte envolvida”, diz a instituição. “Por lei, os conselheiros devem fiscalizar a gestão dos diretores, examinar livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos e quaisquer outros atos. Também escolhem ou destituem a auditoria independente”, explica a Ibracon.

“Nesse processo, a auditoria identifica riscos de distorções relevantes, analisando e testando, por amostragem, os mecanismos usados para minimizá-los”, prossegue a entidade em nota. “Considerando as funções de cada agente na estrutura de governança dentro das empresas, entende-se que a opinião do auditor externo não pode ser vista como uma garantia de que não existem distorções relevantes.”

“Assim, diferentemente do que se possa pensar, a auditoria independente não possui mecanismos e poderes legais para obter informações, como e-mails e mensagens trocadas por empregados ou responsáveis pela gestão da empresa. Adicionalmente, um trabalho de auditoria não pode assegurar a viabilidade econômica e financeira da entidade auditada”, conclui a Ibracon.

O que diz a Americanas

Em nota encaminhada ao Metrópoles, a Americanas afirma o seguinte:

“Diante das oitivas na Comissão Parlamentar de Inquérito, na quarta-feira (1º/8), a Americanas entende que os depoimentos das auditorias corroboraram evidências de fraude de gestão cometida pela antiga diretoria da companhia.

As informações prestadas na sessão desta terça demonstram que as auditorias não classificaram deficiências como significativas e que não encontraram distorções relevantes nos números auditados.

A empresa reitera as informações e documentos apresentados à CPI em 13 de junho de 2023, com indícios de que ex-executivos fraudaram resultados financeiros e enviaram dados adulterados a bancos e auditorias.

A companhia reafirma que o relatório apresentado à CPI, preparado pelos advogados da companhia, que inclui documentos recebidos do Comitê Independente de Investigação, é preliminar e foi entregue às autoridades competentes, que realizam suas próprias investigações.”

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