O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, divulgou uma carta em conjunto com Paulo Skaf, ex-presidente da Federação e seu principal opositor, em um sinal público de paz.
A informação é do jornal Folha de S.Paulo. Skaf e Gomes travaram uma disputa interna que culminou em uma assembleia para destituir o atual presidente do cargo.
No último dia 16/1, foi realizada uma assembleia dos representantes dos sindicatos patronais da indústria paulista. Gomes respondeu a uma série de questionamentos. Depois disso, foi embora acompanhado por aliados.
Os opositores, contudo, deram continuidade ao encontro e decidiram pela destituição do atual presidente do cargo por 47 votos a 1. Apoiadores do presidente não reconheceram a reunião como legítima, pois ela não teria o objetivo de pôr o mandato de Gomes em discussão, muito menos seu resultado. Em comunicado, os defensores de Josué Gomes chegaram a classificar a assembleia como “clandestina”.
A disputa deixou a Fiesp em situação de limbo. Na última semana, Gomes e os opositores travaram uma guerra de comunicados, com o presidente alegando que seguia no cargo e os opositores dizendo que o vice, Elias Miguel Haddad, tomaria assumiria o comando.
Na carta, cujo conteúdo foi acessado inicialmente pela Folha, Skaf e Gomes dizem ter compreendido que caberia a eles “dar o exemplo de superação de divergências”.
O presidente e ex-presidente da Fiesp dizem ainda que decidiram usar “toda nossa energia, capacidade de liderança e de articulação para fortalecer a entidade e, a partir dela, o processo de reindustrialização do Brasil”.
Disputa anterior
A fala sobre superar divergências tem uma razão em ser. Aliados dos dois lados dizem que as rusgas teriam piorado durante a corrida presidencial.
As declarações de Josué durante a campanha eleitoral de 2022, simpáticas à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, desagradaram a Paulo Skaf, ex-presidente da entidade (de 2004 a 2021) e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A decisão da Fiesp de divulgar uma carta “em defesa da democracia”, em agosto, foi considerada um erro por atrelar a instituição à candidatura do petista. O documento teve apoio de apenas 14% dos sindicatos industriais.