Dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que a confiança empresarial no Brasil – medida em dezembro do ano passado – não estava em um patamar tão baixo desde abril de 2021.
De acordo com o levantamento da FGV, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 0,8 ponto em no mês passado, para 90,7 pontos.
É o pior resultado em 20 meses. Em abril de 2021, o indicador alcançou 89,6 pontos.
Com o resultado, o ICE terminou 2022 com uma perda de 3,4 pontos, mais intensa do que a de 2021 (-2,2 pontos) e a maior desde 2015 (-16,4).
No quarto trimestre de 2022, o recuo acumulado foi de 10,8 pontos, o que eliminou o ganho de 7,4 pontos nos três trimestres anteriores.
“A confiança empresarial se manteve em queda pelo terceiro mês consecutivo, embora em menor intensidade que nos meses anteriores”, afirma Viviane Seda Bittencourt, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
A indefinição do novo governo sobre a política fiscal que será levada a cabo a partir deste ano também impacta a percepção dos empresários sobre o atual momento da economia brasileira.
“A percepção sobre situação atual e perspectivas futuras se mantêm em compasso de espera, frente às decisões sobre a condução da política econômica do novo governo. O cenário de incerteza contribui para essa paralisação no momento”, completa Bittencourt.
A queda verificada em dezembro, segundo a FGV, foi puxada pelo setor de serviços.
“Apesar de uma percepção de melhora no setor industrial relacionada a uma ligeira recuperação de demanda e redução de estoques, a piora do setor de serviços foi responsável por jogar a confiança para baixo em dezembro. A confiança das empresas melhora para mais de 50% dos segmentos pesquisados, mas isso não é suficiente para garantir sua sustentação nos próximos meses”, afirma Bittencourt.
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) reúne os indicadores de confiança dos quatro setores analisados pelas Sondagens Empresariais produzidas pelo Ibre-FGV: indústria, serviços, comércio e construção.
Em dezembro, a confiança empresarial teve alta em 53% dos 49 segmentos avaliados.
Em relação aos setores, serviços e construção caíram, indústria subiu e comércio se manteve estável. Todos os setores, com exceção da indústria, apresentaram piora nas avaliações.
