Campos Neto foi conciliatório, mas trégua de Lula é vista como incerta

Em entrevista, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, buscou estabelecer pontes com Lula, por quem tem sido duramente criticado

atualizado 14/02/2023 14:14

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Na entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (13/2), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, buscou aliviar a pressão que tem sofrido pelo governo.

Em tom conciliatório, Campos Neto disse que “o Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre”. O chefe da autoridade monetária afirmou que gostaria de se encontrar com Lula novamente para “explicar a agenda” do BC e a situação dos juros no Brasil.

O fato de Campos Neto concordado em falar publicamente em meio aos ataques acalorados do presidente Lula foi classificado como “corajoso” por entes do mercado. O discurso sobre construir pontes com o Planalto também foi visto de forma positiva.

“A fala do presidente (do BC) foi muito construtiva, pois deixa clara a propensão do Banco Central de discutir com transparência. Não há nada de errado em o presidente do Banco Central querer conversar com o presidente (Lula). O diálogo só ajuda”, disse André Esteves, presidente do conselho do banco BTG Pactual, em evento na manhã desta terça-feira (14/2).

O pedido de trégua pode promover um alívio temporário no nível do dólar e dos juros. Na semana passada, em meio aos ataques de Lula a Campos Neto, o dólar encostou em R$ 5,30 e os juros futuros subiram até 2 pontos percentuais.

“Ainda há muito o que se discutir, mas sem dúvida Campos Neto atingiu seus objetivos centrais com esta entrevista. O real pode se apreciar nos próximos dias e a curva de juros deve retroceder com o fim do conflito entre Planalto e Banco Central”, avalia o economista André Perfeito.

Além de afugentar o investidor estrangeiro, a briga pública entre governo e BC causou a percepção de que a insistência de Lula em reduzir os juros em um momento em que as expectativas ainda não apontam para essa possibilidade poderá causar um novo aumento da inflação no médio e longo prazo.

No final das contas, como a única ferramenta monetária para conter a inflação é o aumento dos juros, o quadro final seria oposto ao que o governo pretende obter.

Pressão continua

Apesar de haver certa unanimidade sobre o efeito positivo do tom conciliatório de Campos Neto, o mercado ainda não está convencido de que isso será suficiente para cessar os ataques promovidos por apoiadores de Lula.

Ontem, no evento comemorativo de 43 anos do Partido dos Trabalhadores, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, negou a existência do problema fiscal e disse que Campos Neto “corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados” no Brasil.

Dan Kawa, diretor da assessoria de investimentos TAG, avaliou que a entrevista de Campos Neto teria servido “para clarear alguns temas e tentar uma trégua com algumas alas do governo atual”. Ele pondera que isso dificilmente reduzirá a pressão sobre a instituição e a autonomia do Banco Central.

Para a equipe de análise da XP, é bom sinal Lula não ter mais tocado no assunto em falas recentes. O presidente discursou no mesmo evento em que Hoffmann distribuiu ataques a Campos Neto, mas não entrou na mesma seara.

“Nossa expectativa, portanto, é de alívio marginal no prêmio de risco no curto prazo, mas com a compreensão de que a incerteza fiscal, que é o fator determinante, permanece”, escreveram os especialistas.

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