BC define futuro da taxa de juros; veja o que esperar da reunião do Copom

Comitê de Política Monetária do Banco Central deve manter Selic inalterada, mas são esperados indícios de cortes futuros

atualizado 21/06/2023 6:34

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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal Vinícius Schmidt/Metrópoles

A decisão será o de menos. É assim que economistas e casas do mercado financeiro descrevem a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se encerra nesta quarta-feira (21/6). O Copom anunciará nesta tarde sua decisão sobre manter ou não a taxa básica de juros, a Selic, mas as atenções estarão voltadas sobretudo ao comunicado do comitê, que pode indicar qual será a trajetória dos juros a partir de agora.

“Esperamos que o anúncio da taxa seja a parte menos importante da reunião”, resumiu Mauricio Oreng, do Santander, em relatório a clientes.

O consenso nos mercados é que a Selic será mantida no atual patamar de 13,75%, o maior desde 2016. Se confirmada a projeção, será a sétima reunião em que o Copom opta por manter a taxa.

No entanto, com a inflação desacelerando mais rápido do que o esperado, a expectativa é que o Banco Central possa iniciar um corte na taxa de juros em breve: o início do ciclo é esperado já no encontro de agosto ou, nas projeções mais conservadoras, em setembro.

Nos últimos comunicados, o Copom tem reforçado que, apesar da melhora nas expectativas de inflação para 2023, o consenso do mercado para 2024 e 2025 ainda está perigosamente perto de 4%, e não de 3%, como prevê a meta. Os dados do núcleo de inflação também desaceleram com menos força do que a inflação geral, e persistem dúvidas sobre o marco fiscal. Discussões sobre uma possível mudança nas metas de inflação, que devem ganhar corpo no fim do mês no governo, também pesarão nas decisões futuras.

“Esperamos que o BCB mantenha a atual estratégia por enquanto, mantendo a mensagem de ‘serenidade e paciência’, de modo a garantir a convergência da inflação no médio prazo”, disse Oreng, do Santander, que acredita em um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic em setembro. O banco avalia que o Copom deve sinalizar hoje que os próximos passos ainda “dependerão dos dados”.

Rumo à transição nos juros

Apesar das incertezas, os mercados também esperam que o comunicado do comitê traga invariavelmente alguma sinalização de mudança de rota no segundo semestre.

O boletim Focus, que traz as expectativas de bancos e casas de análise para o cenário macroeconômico, já aparece com projeções de corte mais acelerado de juros. Após oito semanas inalterada, a projeção para a Selic no fim de 2023 caiu de 12,50% para 12,25%, isto é, aposta-se que o BC cortará 1,5 p.p. até o fim do ano. Para 2024, a projeção caiu de 10% para 9,5%.

“O arrefecimento da inflação corrente e das expectativas deve ser destacado no comunicado do BC. E a ressalva sobre a possibilidade de retomada do aperto monetário, que acabou pesando por meses, deve ser retirada do texto”, avalia Bruno Monsanto, sócio na RJ+ Investimentos.

Essa mudança no tom do comunicado, vista como provável, abriria caminho para eventuais cortes no futuro, independentemente de quando ocorrerão.

“Ainda que não haja espaço para corte de juros nesta reunião, esperamos um ajuste na comunicação desta quarta-feira, permitindo maior grau de liberdade para o Comitê iniciar o ciclo de corte de juros no encontro seguinte, dia 3 de agosto”, afirmou em relatório Álvaro Frasson, da equipe de estratégia macro do BTG Pactual.

A reunião do Copom nesta semana, vale lembrar, ainda não tem a participação de Gabriel Galípolo, agora ex-secretário-executivo da Fazenda e que se juntará à diretoria do BC por indicação do governo (falta apenas que seja sabatinado no Senado, o que deve ocorrer neste mês). Na condição de diretor do BC, Galípolo chegará ao “coração do Copom” e passará a participar da decisão sobre os juros, o que pode ocorrer já na reunião de agosto.

Enquanto isso, a pressão generalizada do Planalto para um corte nos juros deve continuar, assim como de parte do empresariado, que vem se posicionando cada vez mais sobre o tema. Nesta semana, às vésperas do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dizer que a Selic “deveria ter sido cortada em março”.

Se a decisão do Copom nesta quarta-feira não tende a trazer surpresas, cada palavra escolhida pelo comitê para anunciá-la deve fazer muito barulho, de Brasília a Faria Lima.

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