Após EUA pausar alta de juros, BC começará a cortar Selic?

Apesar de reunião do Banco Central dos EUA terminar sem alta de juros, incertezas continuam. No Brasil, corte na Selic é aguardado em breve

atualizado 14/06/2023 20:48

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Anna Moneymaker/Getty Images

O Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, oficializou uma aguardada pausa no aumento dos juros no país, com potencial de impacto em todo o mundo. A movimentação no mercado americano ocorre semanas antes de o Banco Central brasileiro ter uma nova reunião sobre a taxa de juros local, a Selic.

O Fed comunicou na quarta-feira (14/6) que, por ora, manterá a taxa de juros entre 5,0% e 5,25%. O BC americano vinha subindo juros em todas as reuniões desde março de 2022, como medida para conter o avanço da inflação nos EUA.

A pausa era aguardada nos mercados após números mais positivos de inflação e alguma desaceleração no mercado de trabalho americano. Apesar disso, o comunicado deixou margem para novas altas no futuro.

“Ainda levará alguns anos para que um corte de juros aconteça”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell.

Expectativa de cortes no Brasil

A princípio, a pausa no aperto monetário nos EUA ajuda a lançar mais bases para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) inicie um corte de juros no Brasil.

Para a próxima reunião do Copom, em 20 e 21 de junho, o mercado espera um comunicado que sinalize uma transição e início do corte de juros em algum momento do segundo semestre. A Selic está hoje em 13,75%, seu maior patamar desde 2016.

A partir daí, as dúvidas são maiores. Alguns bancos e casas de análise apontam para possibilidade de um primeiro corte na Selic em agosto ou setembro. Ainda assim, a leitura em parte do mercado é que o Copom pode necessitar de mais tempo antes de mudar o rumo.

Para 2023, o cenário de inflação tem melhorado, mas a maior preocupação atual do Copom é que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 seguem acima da meta, que é de 3%.

“Agosto é provavelmente muito cedo, já que a reunião do Copom é em 2 de agosto e pode não haver tempo para a convergência total, então ainda vemos setembro como o mais provável”, escreveram analistas do banco UBS em relatório.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dizer na noite de quarta-feira que já existe cenário para um corte de juros.

“Tudo concorre para que essa harmonização [entre política monetária e fiscal] aconteça mais rapidamente do que o previsto”, disse o ministro, afirmando que há um “clamor” do empresariado e da sociedade.

“Todos nós somos contra a inflação. Há várias opiniões a respeito que precisam ser respeitadas igualmente, grandes economistas do mundo inteiro estão discutindo esse tema. Divergir não é pecado”, disse Haddad sobre a convergência para as metas.

Incertezas sobre juros no mundo

O Brasil começou sua alta de juros antes dos EUA, o que dá ao país uma possibilidade de começar a baixar os juros antes, dizem economistas. O dólar, além disso, está abaixo de R$ 5 e o diferencial de juros entre Brasil e EUA segue alto. O Brasil tem o maior juro real (juro nominal descontada a inflação) do mundo, em 6,3%, segundo ranking da Infinity Asset.

Na outra ponta, a confirmação da pausa “com ressalvas” do Fed adiciona novos elementos ao debate local.

Economistas ouvidos pelo Metrópoles reforçaram a leitura que um aumento adicional de juros nos EUA é possível no segundo semestre, a depender do cenário econômico.

“Merece destaque o fato de eles mencionarem “essa reunião” [no comunicado], sinal de que a parada no ciclo de alta é algo que valeu para a reunião de junho, mas não garante estabilidade à frente”, disse a Kínitro Capital.

“A opinião dos especialistas não é unânime. Cerca de 60% acreditam tratar-se apenas de uma pausa na elevação dos juros”, avaliou Caio Fasanella, diretor executivo e chefe da área de Investimentos da Nomad.

Por ora, a tendência de baixa se manteve e os juros futuros no Brasil recuaram nesta quarta-feira, mesmo após o comunicado duro do Fed.

O pregão foi impactado também pela melhora na nota de crédito brasileira, que ganhou perspectiva “positiva” da agência S&P Rating pela primeira vez desde 2019, fato comemorado pela Fazenda. O debate sobre a hora certa de começar o corte na Selic deve continuar.

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