Ucrânia acusa papa Francisco de espalhar propaganda pró-Rússia

O papa Francisco foi acusado por Kiev de disseminar propaganda pró-Rússia após pedir que jovens russos não se esqueçam de suas "heranças"

atualizado 29/08/2023 14:02

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Imagem colorida mostra Papa Francisco realizando oração durante evento nas Filipinas - Metrópoles Benhur Arcayan / Malacañang Photo Bureau

O governo da Ucrânia acusou o papa Francisco de disseminar propaganda pró-Rússia após o pontífice pedir que jovens russos não se esqueçam de suas “heranças”. A fala do líder da Igreja Católica foi divulgada na última sexta-feira (25/8), em um vídeo exibido durante evento realizado em São Petersburgo.

“Não se esqueçam da sua herança. Vocês são os descendentes da grande Rússia: a grande Rússia dos santos, dos governantes, a grande Rússia de Pedro I, Catarina II, aquele império educado, de grande cultura e de grande humanidade”, disse o papa. “Nunca desistam desta herança. Vocês são descendentes da grande Mãe Rússia, avancem com ela. E obrigado, obrigado pelo seu jeito de ser, pelo seu jeito russo de ser.”

Apesar de a transcrição do discurso publicada no site do Vaticano não ter incluído a parte em que o papa cita a “Mãe Rússia”, Kiev tomou conhecimento dos comentários e demonstrou insatisfação com a fala.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

De acordo com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, o discurso do pontífice se assemelhou ao utilizado por Vladimir Putin para justificar a invasão da Ucrânia.

“É precisamente com esta propaganda imperialista, os ‘laços espirituais’ e a ‘necessidade’ de salvar a ‘grande Mãe Rússia’ que o Kremlin justifica o assassinato de milhares de ucranianos e a destruição de cidades e aldeias ucranianas”, afirmou Oleg Nikolenko, em comunicado divulgado no Facebook.

Kremlin elogia o papa

Já o Kremlin recebeu com entusiasmo a fala do papa e chamou de “admirável” o conhecimento do líder da Igreja Católica sobre a história russa.

“É profundo e o legado é muito antigo, não se restringe apenas a Pedro I. Toda a sociedade e as escolas trabalham arduamente para entregar isto aos jovens. E o fato de o apelo do pontífice estar em uníssono com estes esforços é extremamente encorajador”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Após a repercussão negativa, o Vaticano veio a público esclarecer o episódio e garantiu que a fala do pontífice não teve como objetivo “glorificar a lógica imperial”.

“O papa pretendia encorajar os jovens a preservar e promover o que existe de positivo na grande herança cultural e espiritual da Rússia, e certamente não exaltar lógicas imperialistas e personalidades governamentais”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, nesta terça-feira (29/8).

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