A Espanha realiza, neste domingo (23/7), eleições gerais. Os eleitores escolhem os representantes das 350 cadeiras do Congresso dos Deputados, assim como 208 das 265 vagas do Senado. O pleito, previsto para ocorrer em novembro, foi antecipado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
O mandatário divulgou a medida por meio de um comunicado institucional do Palácio Moncloa. Sánchez informou ao rei Felipe VI sobre a decisão em um encontro reservado. O anúncio do premiê espanhol ocorreu horas depois do desempenho ruim do Partido Socialista Obreiro Espanhol (Psoe) nas eleições municipais e regionais.
Os partidos políticos, durante as últimas semanas, têm travado debates acalorados e intensificado a campanha em busca dos votos dos cidadãos, em um esforço para conquistar a maioria parlamentar e formar o próximo governo.
Quatro partidos principais estão disputa. O Partido Socialista Operário da Espanha (Psoe) e o Sumar são de esquerda. Pela direita, concorrem o Partido Popular (PP) e o Vox.
Depois de quatro anos no governo, formado pela coligação entre o Psoe e a extrema esquerda Unidas Podemos — liderada por Pedro Sánchez —, as últimas pesquisas de opinião mostraram avanço da direita nas intenções de voto.
O PP aparece com vantagem confortável sobre o Psoe, mas distante de uma maioria absoluta sem o apoio do Vox.
Embora o cenário esteja em aberto, há uma perspectiva de que a eleição geral leve um partido de extrema direita ao poder. Se essa possibilidade se concretizar, será a primeira vez desde o fim do regime franquista e a redemocratização do país, em 1975, que um grupo dessa tendência assumirá o poder.
Se a Espanha de fato se inclinar à direita, estará seguindo a tendência eleitoral recente de alguns países europeus, como Itália, Finlândia, Suécia e Grécia, que registraram aumento do apoio a partidos de direita em eleições nacionais.
Extrema direita
O Vox, de extrema direita, fundado em 2013, ganhou assentos no Parlamento espanhol pela primeira vez em 2019. O partido em apostando em posições duras sobre questões sociais e imigração para aumentar constantemente o apoio ao partido nos últimos anos.
Em junho, o Vox conquistou o poder em 10 cidades da Espanha. A esquerda espanhola perdeu espaço em lideranças municipais chaves. Na região central da Espanha e próxima à capital Madri, Toledo se destaca como um dos municípios com o maior número de representantes locais eleitos por meio da coalizão PP-Vox.
Muitos dos que se opõem ao Vox temem a abordagem ultraconservadora que a sigla adota em relação às questões sociais.
O governo liderado por Sánchez aprovou uma série de políticas socialmente progressistas para combater a violência de gênero, endurecendo as leis sobre estupro, facilitando a mudança legal de gênero e afrouxando as restrições ao aborto.
O Vox, por sua vez, representa a antítese das políticas sociais do governo de Sánchez. Quer revogar a lei de transgêneros, é firmemente contra a imigração, critica a União Europeia e se mostra cético quanto à necessidade de combater as mudanças climáticas.
O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, tentou distanciar o partido de algumas posições mais extremas, mas o líder do Vox, Santiago Abascal, pode emergir como quem definirá a possibilidade de uma coalizão.
Com informações da Deutsche Welle, parceira do Metrópoles