Em meio a episódios de violência política, o Equador vai às urnas neste domingo (20/8) para escolher o novo presidente e os deputados da Assembleia Nacional.
O primeiro turno da disputa ficou marcado pelo assassinato de um dos candidatos à Presidência, Fernando Villavicencio, morto em 10 de agosto a tiros na capital Quito. Ele fazia um comício político em uma escola, quando foi atingido pelos disparos.
Cinco dias depois da morte do candidato, um dirigente partidário morreu assassinado. Pedro Brione era integrante do partido Revolução Cidadã, mesma sigla do ex-presidente do Equador Rafael Correa (2007-2017). Meses antes da convocação de eleição presidencial antecipada, um candidato a prefeito foi morto.
Eleições antecipadas
Em maio, o atual presidente do país, Guillermo Lasso (foto em destaque), assinou decreto que dissolveu a Assembleia Nacional, antecipou a convocação de novas eleições e destituiu os parlamentares. Lasso está no cargo desde maio de 2021 e ficaria até 2025.
Ele recorreu a um mecanismo constitucional ao se ver diante de um julgamento de impeachment na Assembleia por sua suposta participação em um esquema de peculato.
O presidente eleito ficará no cargo até quando terminaria o mandato de Lasso, daqui a dois anos. Também serão eleitos 137 deputados nacionais e provinciais, que ficarão no cargo por igual período.
Candidato assassinado
Horas antes de ser morto, Villavicencio fez um discurso dizendo que não usaria colete à prova de balas, pois “a população seria seu escudo” e completou: “Que venham os chefões do narcotráfico, venham! Que venham os milicianos!”
A autoria do atentado foi reivindicada pela facção Los Lobos, em vídeo divulgado nas redes sociais, no qual também ameaçam outros políticos.
“Toda vez que políticos corruptos não cumprirem suas promessas quando receberem nosso dinheiro, que é de milhões de dólares, para financiar sua campanha, serão dispensados. Você também, Jan Topic (outro candidato à Presidência), mantenha sua palavra. Se você não cumprir suas promessas, você será o próximo”, anunciou o grupo de homens nas imagens.
Los Lobos é a segunda maior organização criminosa do Equador, de acordo com o observatório InSight Crime, com cerca de 8 mil membros, e teve origem na facção Los Choneros.
Quem disputa a Presidência
Villavencio foi substituído pelo jornalista Christian Zurita. Pela legislação equatoriana, a candidata a vice do candidato assassinado, Andrea González, não poderia assumir a cabeça de chapa. Zurita tem falado em luta contra a corrupção e fortalecimento da polícia. Ele aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Além de Zurita, há outros sete candidatos. Veja quem são os mais bem posicionados nas pesquisas:
1. Luisa Gonzalez
Líder nas pesquisas, a advogada Luisa Gonzalez, de 45 anos, é do partido socialista Revolución Ciudadana (Revolução Cidadã). Ela tem defendido o resgate de programas sociais implementados pelo ex-mandatário Rafael Correa.
2. Jan Topic
Em terceiro lugar, está Jan Topic, um empresário, de 40 anos, que tem defendido uma atuação rígida contra o crime no país por meio do uso da tecnologia.
3. Yaku Perez
Yaku Perez é um ambientalista indígena que ficou em terceiro lugar na eleição de 2021, quando Lasso saiu vencedor. Em quarto lugar nas pesquisas, ele foca a campanha no combate às mudanças climáticas. Representante da centro-esquerda, ele é contrário à exploração de petróleo.
4. Otto Sonnenholzner
Por fim, o ex-vice-presidente do Equador Otto Sonnenholzner (2018-2020), na gestão de Lenin Moreno, aparece como representante da direita e prega investimento privado, além do reforço da segurança no país.