O grupo de 34 brasileiros e familiares próximos segue na expectativa de cruzar a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, na cidade de Rafah. A passagem começou a ser aberta em 1º de novembro, mas, até o momento, a lista de selecionados não inclui nenhum dos cidadãos que serão repatriados pelo governo brasileiro.
Este sábado (4/11) marca o quarto dia de espera pela autorização para cruzar a fronteira desde que começou a travessia. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou ter conseguido a garantia do chanceler de Israel de que os brasileiros serão liberados até a próxima quarta-feira (8/11), podendo esse prazo ser adiantado em um ou dois dias.
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse, na última quarta (1°/11), que o país não fará oposição à saída de cidadãos com dupla nacionalidade. Até o momento, no entanto, não estão claros os critérios utilizados na seleção dos nomes autorizados a deixar Gaza.
A falta de inclusão de nacionalidades, entre elas a brasileira, tem rendido a Israel acusações de que o país estaria agindo sob critérios políticos. Ao UOL o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, questionado sobre a saída de brasileiros e outros cidadãos de países em desenvolvimento, afirmou que tem a impressão que “nosso sangue vale menos” que o de pessoas nascidas em países considerados ricos.
Esse grupo de 34 brasileiros e familiares próximos está abrigado próximo à fronteira do Egito, em Khan Younes e Rafah. O governo do Brasil planeja buscar os brasileiros por terra e, depois, encaminhá-los ao aeroporto do Cairo, no Egito, onde serão repatriados pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Escolha de nomes
Na primeira relação de nomes, do dia 1º de novembro, constavam 500 pessoas da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca.
No dia seguinte, foram mais 576 pessoas. Dessa vez, havia pessoas do México, Hungria, Croácia, Coreia do Sul, Azerbaijão, Grécia, Chade, Bahrein, Itália, Suíça, Sri Lanka, Holanda, Bélgica e Macedônia do Norte.
A lista mais recente, desta sexta, tinha 71 pessoas autorizadas a fazer a travessia. São norte-americanos, britânicos, italianos, alemães, mexicanos e indonésios. Vale destacar que a saída tem se limitado a cidadãos com dupla nacionalidade e, entre os palestinos, apenas alguns feridos puderam cruzar a fronteira.
Cidadãos de Gaza e estrangeiros tentam deixar o território palestino diante da escalada do conflito entre Israel e o Hamas. Em 7 de outubro, o grupo extremista promoveu um ataque surpresa contra Israel, que deixou mais de 1,4 mil mortos.
Em retaliação, o governo israelense tem bombardeado e empreendido incursões localizadas à Faixa de Gaza, que deixaram mais de 9 mil mortos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza. Os israelenses ainda dificultaram o acesso a suprimentos de primeira necessidade, como combustível, comida e medicamentos, o que levou uma crise humanitária a recair sobre a região.
Conflito não alivia
A guerra entre Israel e o Hamas não dá sinais de alívio. Nessa sexta (3/11), o primeiro-ministro israelense garantiu que não acatará um cessar-fogo temporário, a não ser que o grupo extremista liberte os mais de 200 reféns capturados no último dia 7/10.
“Israel nega um cessar-fogo temporário que não inclua a libertação de nossos reféns. Israel não deixará entrar combustível em Gaza, e se opõe a enviar dinheiro para Gaza”, afirmou. O governo israelense afirmou, em diversas ocasiações, que a guerra tem como objetivo principal a destruição do Hamas.
Essa sexta (3/11) também acabou marcada pelo ataque aéreo contra uma comboio de ambulâncias da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS), membro do Movimento Internacional da Cruz Vermelha. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é comandado pelo Hamas, o ataque teria deixado 15 mortos.
Segundo a organização, os veículos retornavam de uma missão para transportar feridos até a fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, na cidade de Rafah. “Nossos colegas foram salvos por milagre”, diz postagem da organização na rede social X (antigo Twitter).
As Forças de Defesa de Israel confirmaram a autoria do bombardeiro e disseram que miravam alvos do Hamas. De acordo com comunicado das tropas israelenses, a ambulância atingida era usada pelo grupo extremista.
O texto acrescenta que alguns terroristas teriam sido mortos no ataque. “Nós temos informações que demonstram que os métodos de operação do Hamas são de transferir terroristas e armas em ambulâncias”, alega.