Cannes: Firebrand, de Karim Aïnouz

Diretor brasileiro estreia na competição pela Palma de Ouro com Jude Law e Alicia Vikander

atualizado 19/09/2023 17:38

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Festival de Cannes/Divulgação

Se Karim Aïnouz tem concentrado sua cinegrafia em histórias cheias de brasilidade, ele mira o topo da tradição bretã em sua estreia na língua inglesa, retratando episódio na vida de Henrique VIII, um dos mais famosos e cultuados dos antigos reis. Ousadia maior ainda: deixa o rei, interpretado por Jude Law, de lado e conta a história de sua última esposa, Catherine Parr (Alicia Vikander). Uma das razões pela qual este Henrique, o oitavo, tem sua história contada tantas vezes é sua proclividade em assassinar as mulheres que não conseguiam lhe fornecer um herdeiro masculino. O destino de Catherine é a provocação que encerra a trama de Karim Aïnouz. O diretor brasileiro, após justa premiação na mostra Un Certain Regard, de 2019, estreia aqui seu primeiro trabalho em língua inglesa.

O filme começa com Henrique longe, na França, e Catherine regente. Tramas circulam pelos corredores. Um pouco mais moderna e liberal que o costume, Parr é alvo do jogo de poder, especialmente pelos poderosos da nova igreja, fundada pelo Rei ao ter seu divórcio negado pela Católica. Um grupo herege, liderados por Anne Askew (Erin Doherty) também clama pelo fim do reinado, e Parr é amiga antiga da Protestante. Acima de todos, está a ameaça imposta com orgulho por Henrique. Obeso, desconsiderado e com uma de suas pernas tomada por pus malodoroso, ele atropela todos em seu caminho, incluindo a própria esposa, na sociedade e no leito.

O que o filme trás de novo, talvez por seu diretor estrangeiro, é uma visão contemporânea sobre os temas de uma corte antiga. Exceto pela figura de Parr, nada é romantizado. Está aí seu ponto forte e fraco: Catherine Parr está acima, em muitas maneiras, de seus arredores, e por isso parece mais uma figura angélica a refletir sobre a natureza humana do que alguém que faça parte da corte. É claro que “Firebrand” vem após décadas de negligência das mulheres históricas por narrativas masculinas, e talvez só isso já seja o suficiente para justificar o revisionismo histórico da trama.

Com a hesitância oferecida por Vikander, é Jude Law que rouba a cena, completamente removido de seus antigos papéis de galã. Os outros membros da corte são velhos conhecidos dos sets ingleses: Simon Russell Beale, Sam Riley, Eddie Marsan e Erin Doherty. Rodeando o elenco, as texturas e a opulência sensorial típica de um filme de Aïnouz. Por um longo período de tempo, o filme parece oferecer apenas isso ao espectador, mas aqueles que tiverem a paciência de ficar na teia terão uma bela e bem construída surpresa ao final.

Avaliação: Bom (3 estrelas)

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