Professor de comunicação social, o brasiliense Ciro Inácio Marcondes lança, no próximo sábado (23/9), seu primeiro livro de poesias. Intitulado como Mundo Míope, o autor reuniu poemas escritos entre 2002 e 2022. São versos que se torcem e se contorcem, esticam a vida na direção dos medos, das ideias e das imagens do poeta.
O livro conta com 148 páginas, dividido em quatro capítulos temáticos. O lançamento é uma parceria com a editora carioca Confraria do Vento, especializada em poesia.
Além do lançamento, o sábado (23/9) será marcado por uma sessão de autógrafos, a partir das 17h, na Livraria Circulares (113 Norte) e declamação de poesias – atividade que Ciro dividirá com amigas e amigos presentes na ocasião.
“Depois de desenvolver textos acadêmicos de fôlego sobre o cinema silencioso, depois de tornar-se uma autoridade em estudos de HQ, Ciro Inácio Marcondes agora se desveste de uma visão de longo alcance teórico para contemplar e dar a ver um mundo idiossincrático, no qual Bob Esponja e Corto Maltese filosofam, sampleando proposições filosóficas e imagens surrealistas, sobre a dor, a conta de luz, a tristeza, a metempsicose ou sobre um filme dos irmãos Lumière, que acaba por revelar um poeta disfarçado de jardineiro. Tudo é possível. Pelo menos na poesia de Ciro Inácio Marcondes”, apresenta a orelha do livro, em texto de Adalberto Müller, professor de literatura da UFF.
No prefácio da publicação, o igualmente poeta (e professor de comunicação social na UnB) Gustavo de Castro aponta caminhos para compreender o mundo poético de Ciro Inácio Marcondes que, a partir de leituras do filósofo Jean-Paul Sartre, criou o que chama de “Inutilismo”, cuja premissa seria: “quanto mais inútil for a coisa no mundo, mais verdadeira”.
E Gustavo de Castro continua em sua explanação: “Adolescente, o poeta tinha medo de ETs. Temia o sequestro durante a noite. Apavorado, leu sobre ufologia, naves espaciais e seres de outros planetas. Do assombro irracional nasceu o poema ‘Coração Alien’. ‘Odeio a vida’ e ‘Coração Alien’ são dois exemplos de que a escrita de poemas pode ser terapia e sublimação. Estes versos atravessaram amadurecimentos e sopros articulados que foram, pouco a pouco, se adequando ao que o poeta queria deles”.
Entre as inspirações poéticas de Ciro Inácio Marcondes estão nomes como Augusto dos Anjos, Manoel de Barros, Ferreira Gullar, João Cabral, Ana Cristina Cesar, Antonio Cicero, Arnaldo Antunes, Drummond, Leminski, Haroldo de Campos, Alice Ruiz, Orides Fontela, Mário Faustino e Paulo Henriques Britto. Do universo da música, ele se inspira na lírica de Bob Dylan, Caetano Veloso, Chico Buarque, Belchior, Arnaldo Baptista, Lou Reed… e ainda em punk rock, heavy metal, quadrinhos e filmes antigos. “Há sopros do gosto do poeta por dinossauros, documentários de vida natural, fauna e flora”, acrescenta o prefácio.
“Poeta panóptico, polímata e míope, Ciro vê o mundo torto que nos cerca. Imiscuídos de tanta visão, somos entortados por sua voz doce e por sua alegre sinceridade. Neste Mundo Míope somos tocados por um ‘coração alien’ fulminante, o de Ciro, e seu surrealismo interior”, escreve ainda Gustavo de Castro.
