Uma folia de rua terminou em confusão, na noite de sábado (21/1), no Novo Gama, Entorno do DF. Um policial à paisana (foto em destaque) teria agredido algumas das pessoas as quais estavam no local, dentre elas um menor de idade. Segundo as vítimas, ele teria pedido reforço da Polícia Militar de Goiás (PMGO), que chegou atirando no festejo.
Em depoimento à polícia, no qual o Metrópoles teve acesso, uma das vítimas, de 56 anos, relatou estar em uma van, da qual é dono, no momento em que um casal passou em frente ao veículo e o homem, que se identificou como PM, teria questionado por que ele estaria olhando para a mulher dele.
Segundo a vítima, um menor de idade, de 17 anos, que lanchava dentro da van dele, pediu calma ao homem e negou que alguém estivesse olhando para a mulher. Nesse momento, o agente à paisana teria sacado uma arma de fogo e começado a agredir o adolescente com tapas, um deles no rosto.
O dono da van teria tentado apartar a briga, mas acabou levando uma coronhada na cabeça dada pelo policial. Ao ver o pai ferido, o filho do proprietário do veículo também entrou na briga para tentar separar os envolvidos, porém também acabou sendo agredido pelo filho do PM.
Testemunhas que estavam no local registraram a confusão. O policial à paisana identificado como sargento Ruivan de Araújo Oliveira, vestido com jaqueta bege, aparece segurando uma arma na mão e sendo contido pela mulher dele e outras pessoas da festa.
Em determinado momento, ele avança em direção ao menor de idade e dá um tapa no rosto dele. Na sequência, o sargento dá uma coronhada no dono da van, que está vestido com uma camiseta vermelha.
Após a confusão ter se iniciado, Ruivan teria pedido o reforço de equipes da PMGO. Em outro registro feito no local, os agentes aparecem dando tiros para o alto, no meio da confusão. Um dos policiais é visto também agredindo alguém próximo à viatura da corporação, com chutes.
A pessoa que estaria sendo agredida por outro PM, próximo ao carro, seria o mesmo menor de idade que levou um tapa do policial à paisana. A informação foi confirmada pelo pai do jovem, o coronel da reserva de Goiás, Laércio dos Santos, 57 anos.
“Meu filho tinha ido para essa festa religiosa, onde seria servido um jantar na escola municipal. Ele e a outras duas vítimas foram juntas e estavam comendo dentro da van. Esse policial à paisana passou em frente ao veículo e questionou: ‘Ô corno petista, por que tá olhando pra minha mulher?’, no que ele desceu, o homem pediu pra ele encostar na van e falou que ia dar um tiro na cabeça dele. Meu filho tentou intermediar, e foi atacado também”, relata o coronel Laércio.
Segundo o pai de uma das vítimas, o policial à paisana teria se incomodado também pela van em que trio estava ser adesivada com imagens do Lula. “O cara estava totalmente descontrolado e não queria que eles deixassem o local antes da chegada da PMGO. Nós vamos levar o caso ao Ministério Público também”, reforça.
Veja o registro da confusão:
O caso foi registrado na 2ª Delegacia Distrital de Polícia de Valparaíso de Goiás como lesão corporal. Conforme consta no boletim de ocorrência, quando a PMGO chegou na festa, o sargento Ruivan não estava mais por lá. Ele foi procurado em sua residência e na da mãe, mas não foi localizado.
Contudo, testemunhas atestam que a equipe da PMGO teria facilitado a fuga do sargento do local da confusão.
Uso desproporcional da força
Suenilson Saulnier, presidente da Comissão de Segurança Pública, Sistema Prisional e Política Criminal, da Subseção da OAB/GO de Valparaiso de Goiás e Novo Gama, está acompanhando o caso e alega que houve uso desproporcional da força por parte do sargento à paisana.
“Nós ficamos estarrecidos com as imagens e narrativas dessa ocorrência. Houve o uso desproporcional da força por parte do autor das agressões, sendo inclusive motivadas na realidade por questões de escolha eleitoral. E ainda por cima a atitude da guarnição que efetuou disparos a esmo, continuou as agressões a um dos menores de idade já agredidos pelo autor da confusão”, comentou Saulnier.
Ainda, segundo o advogado, os agentes, ao invés de conduzirem o autor à delegacia, teriam facilitado a evasão dele do local. “Vamos acompanhar de perto o deslinde dessa ocorrência, cobrando a apuração isenta da Corregedoria da PMGO, e da Polícia Civil do Estado de Goiás”, reforçou.
O que diz a PMGO
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar de Goiás para questionar as providências tomadas pela corporação em relação ao policial à paisana e a atuação da guarnição na confusão. Em respostas, a corporação disse que “tomou conhecimento do ocorrido, determinou a abertura de um Procedimento Administrativo para apurar o caso e afastou os policiais militares das atividades
operacionais”.
“A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que o caso será apurado com o devido rigor”, finalizou em nota.
