O suspeito de espancar e matar a namorada dentro do banheiro de casa, no Setor de Indústrias Gráficas de Taguatinga Norte, por volta das 4h30 desta quinta-feira (2/3), ligou e mandou mensagens para o pai dele. Na ligação e nas mensagens, ele confessou o crime, minutos após cometer o feminicídio.
Guilherme Nascimento Pereira, 29, está foragido e tem histórico de descumprimento de medida protetiva contra a vítima, além de receptação.
A coluna Na Mira apurou que a vítima, de 25 anos, é Letícia Barbosa Mariano (foto em destaque). Ela foi encontrada morta após ser covardemente agredida. O sogro da vítima estava no local quando os policiais chegaram. Acionada, a perícia o levou para o Instituto de Medicina Legal (IML).
A reportagem também teve acesso a detalhes de uma denúncia registrada pela vítima, em 17 de setembro do ano passado. Na ocasião, Letícia Mariano alegou que namorou o autor por cerca de cinco anos e terminou o relacionamento em junho de 2022.
A jovem também revelou que o companheiro sempre apresentou comportamento violento e que chegou a ser agredida física e moralmente.
À época, ela afirmou que sofreu uma tentativa de feminicídio, em Águas Lindas (GO), e requereu medidas protetivas de urgência. Ainda segundo o relato, Guilherme fazia uso constante de bebidas alcoólicas e cocaína, o que o deixava ainda mais alterado.
Violência
Aos policiais, Letícia contou que, em uma ocasião, andava pela rua, quando encontrou Guilherme, e o agressor tentou iniciar uma conversa. Diante da negativa da vítima, ele a acertou com um murro no rosto.
Em 14 de setembro de 2022, o suspeito, extremamente irritado e descontrolado, foi à casa da jovem começou a gritar: “Desgraçada, desgraçada. Eu quero ver seu Instagram”.
Em seguida, puxou os cabelos dela, com bastante violência e a ameaçou: “Eu vou te matar. Eu vou te matar. A sua roupa está muito curta”. O criminoso chegou a pressionar Letícia contra o muro e continuou as agressões, dizendo: “Põe a senha do Instagram, senão eu te bato”.
Em ato de desespero, ela conseguiu se desvencilhar do autor, correr e se abrigar em um salão de beleza. Testemunhas ligaram para a Polícia Militar, que chegou ao local informado, mas o suspeito havia fugido.
No depoimento, a jovem reforçou que a conduta do agressor era reiterada, que não “suportava mais o abalo psicológico” causado pela situação e que temia pela própria vida, devido ao temperamento agressivo, violento e imprevisível do ex-namorado.
Letícia descreveu Guilherme como “profundamente possessivo e ciumento” e disse que ele não aceitava o fim do relacionamento.
Vizinhança
Vizinhos da vítima, dizem ter ouvido barulho de briga e choro de criança vindo do apartamento da mulher na madrugada desta quinta.
Segundo informações da PCDF, ela e o companheiro eram pais, mas não tinham filhos em comum.
“Na madrugada mesmo deu pra ouvir ela gritando e pedindo socorro. Também ouvi uma criança chorar. Fiquei confusa se era na rua ou no apartamento dela. Quando soube nesta manhã que ela morreu, tive certeza que era ela gritando de madrugada”, disse um vizinho que preferiu não se identificar.
Na manhã desta quinta, o Conselho Tutelar esteve no local, mas não quis falar com a reportagem.
