Em ônibus lotados, sem cintos de segurança e cobertas por poeira, crianças chegam exaustas para começar o dia letivo em escolas públicas da capital da República. Os detalhes desse cenário constam em um relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que fiscalizou o transporte escolar no Assentamento 26 de Setembro, próximo a Vicente Pires, e estudam em uma escola classe de Taguatinga.
Veja:
Os ônibus transportam alunos com bancos imundos e até portas de fechadas com arames ou cabos de vassoura. As péssimas condições comprometem, ainda, a frequência escolar dos estudantes, segundo a fiscalização in loco de auditores de controle externo do tribunal, que também ouviram famílias das crianças.
A ação faz parte uma auditoria operacional nos contratos da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB) com a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e resulta de inspeção após recebimento de denúncias sobre irregularidades e má prestação de serviço.
Aprendizado comprometido
Isadora Coimbra, presidente da Associação Mulheres Unidas 26 de Setembro, detalhou a situação: “Ônibus lotado, crianças em pé e bancos com cinco ou seis crianças”.
“O cinto de segurança estava muito sujo — quando havia — e deixava a roupa [das crianças] imundas. Assim, as crianças ainda sofriam bullying na escola. Quando não é [sujeira de] poeira, é lama”, completou.
As ruas 1, 2 e 3 da região estão sem linhas escolares, segundo o relato da líder comunitária. Os ônibus só passam pela avenida principal e pelas vias 4 e 6. Por isso, o trajeto definido forçava as crianças a andar por quilômetros para chegarem aos pontos de embarque.
“As crianças chegavam cansadas à escola. O percurso é longo. Elas ficam mais de 45 minutos dentro do ônibus e ainda chegam sujas, ficam chateadas. Tudo isso envolve o aprendizado de uma criança”, alertou Isadora.