O temor em ocupar uma das celas de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em algum presídio federal do país teria motivado integrantes da cúpula da facção criminosa carioca Comando Vermelho (CV) a julgar, condenar e executar os criminosos suspeitos de terem assassinado três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na madrugada dessa quinta-feira (5/10).
Desde a informação sobre órgãos de segurança ligados à área federal que trabalhariam na elaboração de uma lista com integrantes da facção que deveriam ser transferidos para presídios federais, a cúpula do CV suspendeu ações mais invasivas que chamassem a atenção das autoridades. A discrição foi por água abaixo com o assassinato, supostamente por engano, dos médicos.
Suspeitos da morte de médicos no Rio foram executados 12h após o crime
Dois de quatro corpos dos integrantes executados a mando da facção foram identificados. Os cadáveres seriam de Philip Motta e Ryan Nunes de Almeida. Segundo informações da polícia, Motta seria membro do CV, e era conhecido por Lesk. Ele teria migrado para o grupo criminoso após a invasão da facção na comunidade da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Já Ryan seria membro o grupo liderado por Motta, chamado de “Equipe Sombra”.
Presídio é “morrer em vida”
Na avaliação dos chefões do Comando Vermelho, ir para o sistema penitenciário federal seria como “morrer em vida”, por conta do rigor restritivo do regime e do isolamento severo do mundo exterior. Ao chamar a atenção das autoridades de todo país com o assassinato dos médicos, os membros do CV responsáveis pelo crime decretaram a própria sentença de morte.
A coluna apurou que após a execução dos criminosos, os membros do CV resolveram retirar os corpos da comunidade onde ocorreu o tribunal de rua e não queimá-los no local. A ação teria um motivo: “aliviar o lado da polícia”, que estava sendo cobrada pelo governo em localizar e prender os autores. Indiretamente, a liderança da facção sabia que uma polícia pressionada pelo governo iria invadir a comunidade para dar uma resposta à sociedade.
O crime
Os médicos Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf Bomfim foram assassinados a tiros em um quiosque na orla do Rio de Janeiro na madrugada de quinta. O médico Daniel Sonnewend Proença também estava com o grupo, mas sobreviveu aos ferimentos e está internado na capital carioca.
A suspeita da polícia é que Perseu Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho do Dalmir Pereira Barbosa, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.