Investigado por supostamente ter relação com um esquema de garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami (TIY), a defesa do cantor Alexandre Pires informou que ele “foi tomado de surpresa diante da recente operação da Polícia Federal que indevidamente envolveu seu nome”.
Em nota, o advogado do cantor, Luiz Flávio Borges D’Urso, alegou que o cliente “jamais cometeu qualquer ilícito, o que será devidamente demonstrado no decorrer das investigações” e reiterou a confiança na Justiça brasileira.
Ao todo, a organização investigada pela PF por garimpo ilegal teria movimentado R$ 250 milhões. Supostamente envolvido no esquema, o empresário de Alexandre Pires, Matheus Possebon, famoso no ramo musical nacional, seria um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. Assim, Alexandre Pires teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada, segundo a polícia.
“Na qualidade de advogado do cantor e compositor Alexandre Pires, viemos a público, diante das notícias veiculadas pela mídia em geral, esclarecer que o cantor Alexandre Pires não tem e nunca teve qualquer envolvimento com garimpo ou extração de minério, muito menos em área indígena”, completou a defesa do cantor.
A defesa de Matheus Possebon também se manifestou e considerou a prisão do empresário “uma violência”. “[Ela] foi decretada por causa de uma única transação financeira com uma empresa com que ele não mantém qualquer relação comercial. Mais grave ainda, a prisão se deu sem que Matheus pudesse ao menos esclarecer a transação. A defesa, porém, está certa de que essa violência será prontamente desfeita e que ele poderá, em liberdade, comprovar que nada tem a ver com a investigação”, alegou o advogado Fábio Tofic Simantob, em nota.
A Opus Entretenimento, empresa que agencia o canto Alexandre Pires e tem como um dos executivos Matheus Possebon, preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira (4/12), também se manifestou sobre a investigação que apura a suposta participação dos dois em esquema de exploração de garimpo em terras Yanomami.
Por meio de nota, a produtora informou que “desconhece qualquer atividade ilegal supostamente relacionada a colaboradores e parceiros da empresa”.
“Em relação a Alexandre Pires, uma das grandes referências da música brasileira, a Opus, responsável pela gestão de sua carreira, manifesta solidariedade ao artista, confiando em sua idoneidade e no completo esclarecimento dos fatos”, destacou o texto.
Operação da PF
Com o objetivo de desarticular um esquema de financiamento e logística do garimpo ilegal, a Operação Disco de Ouro, da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã dessa segunda-feira (4/12). A PF cumpriu mandado de busca e apreensão contra o pagodeiro, que cantava em um cruzeiro, em Santos.
As equipes cumpriram dois mandados de prisão, bem como seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista (RR), Mucajaí (RR), São Paulo (SP), Santos (SP), Santarém (PA), Uberlândia (MG) e Itapema (SC). A Justiça determinou, ainda, o sequestro de mais de R$ 130 milhões em bens dos suspeitos.
Veja vídeo da operação:
A operação ocorre como desdobramento de outra ação da PF, deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraída da TIY foram encontradas na sede de uma empresa investigada e eram preparadas para envio ao exterior.
O inquérito policial revela que o esquema seria voltado para “lavagem” de cassiterita retirada ilegalmente da terra Yanomami e que o minério seria declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba (PA), supostamente transportado a Roraima para tratamento.
As diligências mostraram que a dinâmica ocorreria apenas no papel, pois o minério seria originário do próprio estado de Roraima. À época, a PF identificou transações financeiras que envolviam toda a cadeia produtiva do esquema, com participação de pilotos de aeronaves, além do auxílio de postos de combustíveis, lojas de máquinas, equipamentos para mineração e “laranjas”, para encobrir movimentações fraudulentas.