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Mensagens: bolsonaristas falaram em guerra, sniper e bombas antes do 8/1

Mensagens interceptadas pela polícia mostram planejamento de guerra para “intervenção militar com Bolsonaro no poder”, citando Deus e armas

atualizado 24/07/2023 23:43

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Vinícius Schmidt/Metrópoles

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trocaram mensagens sobre armamentos pesados, uso de sniper e dinamites, citando uma guerra sem limites e invocando a “graça de Deus”, antes do atentado contra a democracia de 8 de Janeiro. As mensagens foram obtidas em interceptações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que produziu um relatório de investigação sobre a tentativa de explosão de uma bomba no Aeroporto de Brasília.

Os investigados tentaram driblar possíveis apurações de crimes falando em “peças” de caminhões para se referir a explosivos e apagando conversas pelo WhatsApp, mas os agentes descobriram vários planejamentos de uma violência armada para promover uma “intervenção militar com Bolsonaro no poder”.

George Washington, atualmente preso e condenado pela tentativa do atentado a bomba em Brasília, é figura central do relatório. É ele, por exemplo, que é classificado como “comandante” em uma mensagem enviada por um “patriota”. Na conversa, George é enfático sobre o planejamento: “Estou nessa guerra até o fim. Não existem limites para mim. Tenho que voltar em pé e com a vitória, com a graça de Deus”.

Evocando forças divinas, George negociou a contratação de um sniper, tirou dúvidas sobre como melhorar o alcance do rifle Springfield Saint Victor .308 que disse ter, afirmou que pretendia “comprar algo melhor, de precisão”, declarou ter “muitos fuzis à disposição” e foi questionado por um conhecido se já tinha trazido “a Glock dele”. Sobre a bomba, ainda escreveu que uma “missão” com explosivos ia “separar os homens dos meninos”.

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George Washington na CPI de 8/1
George Washington de Oliveira Sousa, em CPI
George Washington foi preso e condenado por tentativa de explosão de ônibus no aeroporto de Brasília
George Washington
Empresário bolsonarista George Washington Oliveira Sousa
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George Washington na CPI de 8/1

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George Washington na CPI de 8/1

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George Washington de Oliveira Sousa, em CPI

Divulgação/CLDF
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George Washington foi preso e condenado por tentativa de explosão de ônibus no aeroporto de Brasília

Imagem cedida ao Metrópoles
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George Washington

Reprodução
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Empresário bolsonarista George Washington Oliveira Sousa

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As mensagens

Em 1º de dezembro de 2022, uma mulher aparece em conversas com George alertando que precisa de uma autorização dele para “pegar as peças” e é respondida com “autorizando agora mesmo”. Poucos dias depois, outro bolsonarista envia uma mensagem chamando George para uma reunião com o indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Tserere, afirmando que Tserere estaria solicitando a participação “dos CAC’s” (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador).

O condenado pelo ataque a bomba também foi chamado para fazer a segurança do indígena, pois já tinha os “negócios tudo documentado [SIC]”. A mensagem, segundo apuração dos agentes, provavelmente se referia às armas regularizadas.

Já um dia antes dos atos de vandalismo que transformaram Brasília em um palco de guerra, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal (veja fotos abaixo), George envia mensagens por pelo Instagram do general Elieser Girão, hoje deputado federal pelo PL do Rio Grande do Norte. Entre elas, se mostra à disposição para uma convocação das forças armadas: “Muitos fuzil a disposição. Não nos deixe sair como bandidos [SIC].”

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Os manifestantes também tentaram bloquear a via W3 Norte, ateando fogo em cones
Bombas, tiros e gás de pimenta foram usados para tentar evitar a invasão ao prédio da Polícia Federal
Ao menos cinco ônibus foram queimados
Manifestantes atearam fogo em carros na área central de Brasília
Botijões de gás espalhados em pista
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) ateiam fogo em diversos carros pela capital federal

Matheus Veloso/Metrópoles
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Os manifestantes também tentaram bloquear a via W3 Norte, ateando fogo em cones

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Bombas, tiros e gás de pimenta foram usados para tentar evitar a invasão ao prédio da Polícia Federal

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Ao menos cinco ônibus foram queimados

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Manifestantes atearam fogo em carros na área central de Brasília

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Botijões de gás espalhados em pista

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Manifestantes atearam fogo em carros na área central de Brasília

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Manifestantes atearam fogo em carros na área central de Brasília

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Manifestantes atearam fogo em carro em posto de gasolina próximo à sede da PF

Matheus Veloso/Metrópoles

Outra figura que aparece nas investigações é um contato salvo no celular de George como “Hermeto SF”. Os dois trocaram várias mensagens, fotos e vídeos relacionados às manifestações contra a eleição do presidente Lula (PT). “As reivindicações consistiam em intervenção militar com Bolsonaro no poder”, aponta o relatório da Polícia Civil.

Foi esse Hermeto que, em 13 de dezembro, por volta das 22h, mandou áudios combinando de ir comprar pólvora com o intuito, aparentemente, de fabricar um dispositivo explosivo. Também vem desse contato um áudio com o questionamento: “Ei, Washington, o Tiago está perguntando se tu trouxe a Glock dele já [SIC]”.

Negociação de armas em 2021

O Metrópoles também mostrou, nessa segunda-feira (24/7), que mensagens trocadas entre bolsonaristas já mostravam negociações de armas com intuito de reverter o resultado das urnas em 2021. As conversas citavam a iminência de uma “guerra civil” no Brasil.

A intenção do uso de armas contra a derrota de Jair Bolsonaro consta, por exemplo, em mensagens entre George Washington e Álvaro Canevari, fazendeiro do estado do Pará. Em 12 de novembro de 2021, George envia 21 fotos de armamentos diversos e diz: “A carabina .357 cano octogonal vai chegar 2 até início dezembro [SIC]”.

Em áudio, o fazendeiro afirma que eles vão precisar do armamento. “Porque o Brasil vai entrar em uma guerra civil ano que vem se o Bolsonaro… se eles roubarem… Se roubarem a eleição do Bolsonaro, o Brasil vai entrar em uma guerra civil [SIC].”

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