Em áudio, a noiva do médico João Antônio Caldas (foto em destaque), irmão do prefeito de Maceió (AL), relata que foi vítima de violência doméstica. Na ligação, a mulher afirma ter sido “agredida e jogada no chão”. O homem foi levado à delegacia, na noite desse sábado (18/11), após a briga, mas foi liberado porque a companheira decidiu não prestar queixa.
Ouça o áudio:
Um policial que presenciou os fatos informou à coluna que a guarnição da PM foi acionada para atender uma ocorrência de violência doméstica. As supostas agressões teriam ocorrido em um apartamento em Maceió, por volta de 22h25.
“A vítima ligou para denunciar suposta violência doméstica. Chegando ao local, a equipe viu uma porta quebrada e a moça amedrontada. O João estava trancado no quarto, e tivemos que negociar para levá-lo à DP”, explicou.
Por meio de nota, a noiva de João Caldas confirmou que o casal teve um desentendimento, mas negou ter sofrido agressão. “Recentemente, houve um mal entendido entre mim e ele. Quero ressaltar que não sofri qualquer tipo de agressão ou violência por parte dele”, disse Isadora Martins.
PMs envolvidos presos
Controvérsias na denúncia de violência doméstica resultaram na prisão de dois integrantes da Polícia Militar de Alagoas (PMAL). Outro militar foi convocado para prestar esclarecimentos. Eles são suspeitos de tentar constranger e ter colocado a vítima em situação de vulnerabilidade. A mulher, inesperadamente, desistiu da denúncia após se encontrar com os PMs.
Irmão de João Henrique Caldas (JHC), prefeito da capital alagoana desde 2021, o médico aceitou ir à delegacia sendo acompanhado por sua mãe, Eudócia Caldas, que é capitã da reserva da PMAL e ex-senadora, além de outros militares.
No entanto, a vítima só compareceu à central de flagrantes cerca de 50 minutos depois do companheiro. O tempo é bem superior ao que normalmente seria necessário para o percurso.
Veja vídeo da chegada dos envolvidos:
Informações apuradas pela coluna indicam que a noiva chegou com militares ligados ao gabinete do prefeito de Maceió. Um deles seria o subtenente Gilvan Cabral. Ele teria dirigido o carro em que a mulher estava, sendo que não era o responsável pela ocorrência.
Apesar de ter relatado antes ter sido vítima de violência doméstica, a mulher inesperadamente abandonou a versão horas depois. A mudança ocorreu após ela ser acompanhada por pessoas ligadas à prefeitura, quando, na verdade, deveria ter sido assistida pelos PMs encarregados da denúncia.
A Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas solicitou que Gilvan Cabral se apresente formalmente para que preste mais informações sobre o ocorrido. É possível, inclusive, que ele seja investigado pelo susposto crime de prevaricação.
Outros dois militares da guarnição encarregada formalmente pela denúncia já se apresentaram. Eles ficaram presos por 72 horas, conforme aponta o processo disciplinar da corporação. A corregedoria analisa se os policiais colocaram a vítima em perigo ao não custodiar sua ida à delegacia.
O Metrópoles tenta contato com a defesa dos envolvidos. O espaço será atualizado com as possíveis respostas.
