Moradores fazem abaixo-assinado para embargar obra de residencial geriátrico de luxo no Lago Sul

Caso foi parar no Ministério Público do Distrito Federal. Moradores alegam que obra tem destinação diferente do alvará e afeta meio ambiente

atualizado 28/02/2023 12:31

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Obra Lago Sul6 (1) Breno Esaki/Especial Metrópoles

Moradores da QI 21, do Lago Sul, criaram um abaixo-assinado na tentativa de embargar a obra de um centro clínico e residencial geriátrico na quadra. O conselho comunitário do bairro afirma que a obra tem destinação diferente da prevista em alvará, e o caso foi parar no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Em denúncia enviada ao MPDFT, a associação de moradores alegou que a empresa Residencial Garden Empreendimentos Imobiliários Ltda. conseguiu alvará para construir clínicas geriátricas apenas “como fachada” para erguer blocos de apartamentos de luxo. O grupo afirma se tratar de um prédio de seis andares e torres com 60 apartamentos, de 120 a 250 metros quadrados.

“Tal empreendimento não será utilizado para os fins declarados, tem potencial para ser um polo gerador de alto tráfego e colocará em risco a qualidade de vida da população local, a ordenação urbanística do Lago Sul e é potencialmente degradador do meio ambiente, já que a área é de preservação permanente (APP)”, destaca texto da denúncia.

Veja fotos dos apartamentos:

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Empresa informa que o espaço será clínica para idosos
Edifício terá 60 apartamentos, em três andares
Moradores do Lago Sul denunciaram empreendimento
Associação quer que alvará da construção seja cassado
Edifício terá garagem, cozinha gourmet, salão de festas e área de lazer
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Apartamentos têm até 250 metros quadrados de área

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Empresa informa que o espaço será clínica para idosos

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Edifício terá 60 apartamentos, em três andares

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Moradores do Lago Sul denunciaram empreendimento

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Associação quer que alvará da construção seja cassado

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Edifício terá garagem, cozinha gourmet, salão de festas e área de lazer

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Vila Raiô será terá convênio com clínica de saúde, segundo informes de divulgação

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Além disso, o Conselho Comunitário do Lago Sul argumenta que o edifício fere as normas urbanísticas do local, “projetado para ser de baixa densidade demográfica”. O projeto é denominado Vila Raiô – Residências Exclusivas.

O advogado Paulo Cunha, morador do bairro e consultor do conselho comunitário, observa que corretores têm abordado compradores.

“Eles [os corretores] apresentaram o projeto para alguns moradores, que ficaram surpresos ao saberem que se trata, na verdade, da venda de apartamentos privativos de luxo. Na propaganda não há qualquer menção a serviços de atenção em saúde nem mesmo que clínica geriátrica será a responsável pelos cuidados com os idosos”, comenta Paulo.

A ex-administradora regional do Lago Sul Natanry Osório, 83, defende que o edifício fere as delimitações da área verde do endereço. “Se você olhar a propaganda, vê claramente que o local não é destinado ao idoso. É indicado para quem está à procura de um apartamento de luxo. Fala-se de tudo na propaganda do edifício, menos do idoso. Que clínica é essa?”, questiona.

Características

Nas informações repassadas ao MPDFT, os denunciantes afirmam que o projeto teve aprovação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) sem alguns dos documentos obrigatórios, como comprovação de aprovação prévia do projeto básico por parte da Vigilância Sanitária, por envolver uma clínica.

O documento dos moradores acrescenta que a falta da documentação exigida em lei torna ilegítimo o alvará de construção expedido pela Seduh. “Pelo que se depreende, o empreendimento, na verdade, constitui-se em um condomínio residencial adaptado para o idoso. Trata-se, de fato, de um empreendimento residencial”, enfatiza o texto.

“O projeto da Vila Raiô é totalmente desproporcional. Será um edifício enorme, com cozinha gourmet e outros aspectos que descaracterizam a finalidade do local e em tamanho muito maior do que a região comporta”, completa o advogado Paulo Cunha.

Veja como está a obra:

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Espaço da construção fica entre uma escola pública e uma igreja
Atualmente, local da construção está cercado
Terreno foi esvaziado para obras do empreendimento
Empresa tem alvará, mas moradores criticam processo de liberação
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Obras começaram em novembro de 2022

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Espaço da construção fica entre uma escola pública e uma igreja

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Atualmente, local da construção está cercado

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Terreno foi esvaziado para obras do empreendimento

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Empresa tem alvará, mas moradores criticam processo de liberação

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Na apresentação do edifício, a empresa informa que a Vila Raiô será conveniada pela Clínica Amplexus e oferecerá um “programa completo de atenção à saúde”. “Cuidado integral, acompanhamento médico e todo apoio para que as pessoas 60+ possam desfrutar a vida sem preocupações, deixando a rotina fluir com leveza e tranquilidade”, destaca o caderno técnico do empreendimento.

A associação de moradores alega que a construção não tem características básicas para ser uma “clínica e residências geriátricas” e que, mesmo conveniada por uma clínica, “mais se assemelha a um condomínio residencial para idosos, que não pode ser construído no local”.

A obra está cercada por tapumes e as escavações já foram iniciadas, segundo o DF-Legal os responsáveis foram multados por falta de identificação nos tapumes.

Posicionamentos

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) informou que o lote se destina a uso institucional e que a empresa conseguiu alvará de construção para empreendimento “voltado à atividade de clínicas e residências geriátricas, para idosos sem condições de saúde ou que não queiram morar sozinhos, atividade autorizada pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) no lote em questão”.

“Por essa razão, e tendo em vista que todos os demais requisitos legais foram cumpridos, o projeto de arquitetura foi aprovado. A Seduh acrescenta que recebeu denúncia formulada pelo Conselho Comunitário do Lago Sul e submeteu os questionamentos à equipe técnica responsável, para devida apuração e verificação de eventual irregularidade no procedimento de aprovação do projeto”, completou a pasta.

Procurado pelo Metrópoles, o responsável pelo empreendimento não comentou a denúncia apresentada ao Ministério Público até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço continua disponível para eventuais manifestações.

 

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